Limite
Soube hoje que uma antiga colega tentou o suicídio. Nunca fui muito próxima dela. Ela sempre foi problemática, com uma vida difícil em todos os aspetos, família, escola, amigos, nada ajudou. Muitas más escolhas e ao fim de dezoito anos, ela chegou à conclusão que não havia mais caminho para percorrer, que estava farta, no limite e tomou a decisão de acabar com a própria vida atirando-se de uma ponte mais ou menos distante de uma nova auto-estrada sem luz, pouco movimento, local isolado. Não morreu. Braços, pernas e bacia partidos. Aquele corpo deve estar desfeito mas e aquela cabeça? Quão mau é preciso estar para dar aquele passo? E eu ainda fico triste, de vez em quando quando os meus dias são mais fraquitos. E se tivesse a vida dela? Se pensasse nas coisas em que ela pensa? Estar ou ter estado tão perto de uma pessoa que vive um momento deste é forte. Eu, pelo menos, fiquei chocada, impressionada e triste, sobretudo. Depois comecei a pensar no que deveria acontecer, quero dizer, no que eu acho que seria melhor acontecer para ela. Viver ou morrer? Admito que esta minha opinião pode ser um pouco radical, assim o disse a minha mãe mas, na minha opinião, deve ser muito mais horrível para uma pessoa que toma esta decisão, viver com ela, sabendo que não foi bem sucedida. É um tema muito complexo. Não sei como pensar. Não há forma correta de ver uma situação destas. A realidade é que ela está no hospital, consciente. Se espero que recupere? Não sei responder a tal questão. Vou acompanhar a situação de perto, sem dúvida. Tenho muita pena e sinto uma tristeza profunda e espero que ela, esteja onde estiver, fique, realmente, melhor.