Acabei agora de ler o segundo livro de Francisco Salgueiro 'O Fim da Inocência'. Ao longo de toda esta leitura só pensava se esta era mesmo a minha realidade. E ainda não cheguei a uma resposta. Minha realidade no sentido de acontecer mesmo à minha volta, com as pessoas que me rodeiam, na minha escola, na minha zona. E, sinceramente, não sei. Não o daria como absolutamente certo. Claro que deve haver uns quantos que levam vidas deste tipo mas que exista uma generalização? Uma 'massificação' destes hábitos? Que isto seja o normal do dia-a-dia de qualquer jovem? Tenho sérias dúvidas. Não sou nenhuma menina lisboeta da classe média-alta que estuda num colégio privado (realidade explorada na história) mas também acho que não vivemos num país assim tão heterogéneo. Pelos vistos, nesse meio, o sexo e as drogas são tratados com uma banalidade que me surpreende. Não vejo isso no meu quotidiano. Não vejo difamações no facebook, fotos de coma alcoólico, vídeos explícitos. Nada disso. Se procurar, acredito que encontro mas, quietinha, não sou inundada com coisas desse género. Sim, há o vício do facebook (que me toca também), sim há a corrida aos likes e os cinco mil amigos facilmente atingíveis mas também ainda há fotos de momentos felizes, que retratam amigos em momentos de pura diversão saudável. Pertenço à mesma geração, vivo no mesmo país e estudo numa boa cidade (do litoral, bem desenvolvida e equilibrada) e noto imensas diferenças. Mais uma vez, talvez o problema seja apenas meu e eu, não inserida nesse ambiente de vícios, simplesmente, não assista a tais acontecimentos porque não quero ver. Talvez eles estejam à minha frente e, ingénua e ignorante, não os veja. Talvez seja isso. Mas se assim o é, tenho a certeza que muitos há como eu. Que a minha geração não vive do mundo do sexo, das drogas, de tudo e mais alguma coisa feita o mais cedo possível. Tenho consciência que este tipo de pessoal, que perde a virgindade aos treze, que se vicia em tabaco, drogas legais e ilegais, que passa por inúmeras experiências em meses de todo o tipo e que, muitas vezes, acaba mal, existe claro. Aqui, ali, acolá, inteligentes, não tão inteligentes, bonitos ou feios, ricos, pobres, ricos que se transformam em pobres e pobres que acabam em ricos existem. Já não tem a ver com estas características mas sim com as tuas próprias decisões, personalidade, atitudes e objetivos. Está ao alcance de qualquer um, de facto. Mas não vamos generalizar e banalizar completamente o assunto. Em todas as gerações, existiram os 'rebeldes'. A diferença reside nesse conceito que se altera de geração em geração. Não acredito que a nossa seja a pior de todas. O que existe é uma divulgação muito maior e abrangente dos casos menos felizes e também desse mundo que em tempos existia escondido da maioria. Agora, esse mundo, ainda que não com a porta completamente aberta, está bastante acessível a todos e, cabe a cada um, fazer a sua escolha. Como a minha mãe diz, hoje em dia, mais forte é o que diz 'não'.