Ontem foi o meu primeiro dia na universidade. Não a sério, só a matrícula e mais um montão de assuntos que precisavam de ser tratados. Mas foi o primeiro contacto com as pessoas, as instalações, o sistema, este mundo novo. Não consigo deixar passar a maior dor de cabeça de sempre que já tive que foi ontem ao final do dia quando finalmente acabei por sair do Campus. As filas, a ansiedade e a pressão estragaram-me o sistema todo por dentro ainda que inconscientemente. Não é que estivesse muito nervosa. Queria estar lá, queria que tudo começasse. Adorei estar lá. Mas o tempo de espera faz aumentar exponencialmente os nervos que nem sabia que existiam. E depois há uma certa pressão, porque há, para parecer descontraído, sociável, de bem com a monstruosidade da mudança. No final, não consigo pensar em nada que tivesse corrido menos bem. Fiquei muito surpreendida com a qualidade dos serviços, do sistema, a proximidade das pessoas, tanto colegas como assistentes sociais da universidade, com a boa-disposição de todos, o acolhimento, as brincadeiras, o à vontade. A integração não é dos processos mais fáceis. Para alguns é mesmo o pior. Ajuda-me pensar que, como eu, existem muitos e muitas e que estamos todos nas mesmas circunstâncias. E é bom aperceber-me que outros também pensam como eu quando falo com eles. Ontem, meti conversa com umas raparigas do grupo em que fui colocada e era percetível a igualdade do nosso estado: nervosas, ansiosas, pouco à vontade mas com imensa vontade de comunicar e criar desde logo ligações para que todos ficássemos mais confortáveis e acompanhados. Acompanhada e apoiada foi como mais me senti ontem. Como se fosse um objetivo supremo para o Campus: integrar, apoiar e acompanhar os novos alunos. Nós somos o centro em tudo aquilo e isso faz-me sentir bem, especial, integrada, apoiada e bem acompanhada. O sistema está bem desenhado e resulta. Outra surpresa foi conhecer tanta gente da minha terra lá que nunca antes tinha visto. A grande maioria era de cá mesmo e isso originou umas situações engraçadas. Outra surpresa foi ver que quase todos se mudam para perto da universidade assim da noite para o dia. Cá em casa, quando falava sequer em sair era o maior problema do mundo. Depois foi se simplificando e agora é quase ponto assente. Ontem quando me informei sobre as residências universitárias e ouvi "a menina vai ser alojada na próxima segunda" fiquei chocada. Que eu quero sair de casa não é novidade nenhuma. Já quis muito mais, diga-se. Estar aqui tem sido bom, sem stresses mas arranjar o meu espaço continua a ser prioridade. Mas adiante, eu fico chocada e a minha mãe sai dali a chorar. Estava mais nervosa do que eu. Foi tudo muito mais estrondoso para ela e eu entendo. É uma mudança gigante e se eu anseio por ela por mil e uma razões, a minha mãe receia tal coisa. Mas apoia e eu apoio-a a ela que precisamos as duas. Sobre o meu horário só poderia dizer maravilhas não fossem as aulas de duas horas que me assustam. Tenho um dia livre e tudo! Ah sortuda! :D De resto, fala-se muito em festas, bares e festivais. Já em Outubro teremos o 'Integrate' especialmente concebido para o caloiro. Esse mundo também me assusta um bocadinho. Não sou de festas e não quero fingir uma coisa que não sou. Não sei se gostarei do ambiente. É algo a experimentar como tudo o resto. A próxima semana vai ser das mais cheias, exaustivas e divertidas da minha vida, acredito. Tudo é para a semana. Não sei ao certo o quê mas tenho a certeza que me ficará na memória e que adorarei. É esse o espírito!