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Teenage Dirtbag

yound adult na tarefa árdua de tentar ser alguma coisa de jeito.

Teenage Dirtbag

yound adult na tarefa árdua de tentar ser alguma coisa de jeito.

19 de Janeiro, 2020

Esther Perel

Inês

Esther Perel fala do papel dos contracetivos no casamento (aka relações de longa duração) e no Amor no geral. Fala como os contracetivos permitiram à mulher separar o sexo da reprodução/filhos e, portanto, como isso abriu a porta para que as mulheres materializassem-se os seus "amores" sem as consequências negativas e escondidas dos olhos da sociedade. Isto acontece e o conceito de casamento altera-se. Até há duas ou três gerações o casamento era entendido como um conjunto de interesses, um conceito social e institucional, em que a mulher era mãe e dona de casa e o homem era o trabalhador e o seguro económico da família. À mulher não era "permitido" sentir amor ou prazer. Não se lhe viam essas necessidade. Ao homem, tais "necessidades" eram previstas e este tinha a liberdade social de as satisfazer. Amor? Acredito pouco. A partir do momento em que se vulgarizou a utilização dos contraceptivos, a ideia de casamento sofreu uma transformação. Tornou-se romântica. Passa a incluir o amor e a ideia de traição. Passa a incluir a obrigatoriedade de fidelidade a ambos: homem e mulher. O que antes era proibido apenas a um (mulher) passa a ser proibido aos dois aos olhos da sociedade.

Acho que isto é importante. É importante compreender de onde viemos e que a história e a sociedade, como a conhecemos, se modificou substacionalmente ao longo do tempo. O casamento como o perceicionamos é novo no todo que é a história da sociedade. Assim sendo, porquê que o consideramos tão correto?

Será natural, no conceito mais cru da vivência do ser humano, eleger uma pessoa e amá-la durante uma vida inteira?

Cada vez há mais divórcios e diz-se que hoje "é tudo discartável, desistem rápido estas gerações, antigamente resolviam-se os problemas, não se desistia". Desistir? Insistir no erro? Hoje em dia temos liberdade para seguir em frente e mudar de direção. Como Esther Perel também diz "we use to divorce because we were unhappy; now we divorce because we can be happier". Quão errado é isso? Ok. Tentar, claro. Até porque desistir à primeira/segunda seria um desperídicio de todo o tempo investido. Tentar por várias metodologias. Não funcionando, mudar. Sim, claro. Esther Perel diz também que isto acontece porque as gerações anteriores, regradas por ideias religiosos, viam o conceito de "felicidade" como algo celestial reservado para o pós vida terrena e aqui na Terra apenas consideravam que deviam ter uma vida de sacríficio. Hoje em dia esses príncipios já lá vão. Não damos nada de garantido além desta vida que vivemos. A felicidade é para ser experimentada aqui e temos um medo terrível de deixar escapar essa ponta de felicidade. FOMO (fear of missing out) da felicidade da vida. Queremos tanto.

A esperança média de vida é cada vez mais longa. Somos "obrigados" a viver com a mesma coisa cada vez mais anos. Também fazemos essa seleção cada vez mais tarde, é certo. Será "natural" ao ser humano viver happily com a mesma pessoa durante 50 anos? And I mean, happily. Eu sei que é possível viver com a mesma pessoa todos esses anos ou mais ainda mas de forma livre, querida e equilibrada? Além disso, é possível fazê-lo apenas com essa pessoa? O que é a traição? É possível focarmo-nos numa só pessoa e estarmos happily com essa pessoa durante tanto tempo? Dan Savage dizia que a fidelidade é a única "modalidade" em que se erras uma vez, falhaste a 100%. Se tanto se apela que o sexo não é o mais importante, porquê que se dá uma importância desmedida ao contacto sexual? Porquê que é tão intolerável? Porquê que ficamos tão ofendidos se o nosso companheiro mostrasse interesse em estar com outra pessoa? Porquê que temos todos estas ideias tão afincadas no nosso cérebro? Talvez esteja tudo errado. Talvez seja contranatura escolher uma pessoa e prometer-lhe amor e fidelidade incondicionais e eternos. Talvez estejamos todos formatados com o software errado. Seria só mais um bug que, neste caso, causa desgosto, desamor e desilusão a toda a gente. Talvez estejamos a partir de um ponto de partida deficiente, todos, homens e mulheres. Não há casamento que dure e, se dura, raros serão aqueles que perduram no bem.

Também eu já senti, num momento, que gostava tanto de uma pessoa que iria casar com ela. E isso para mim era tudo. Sentia-me tão bem que achava que só iria querer aquilo para o resto da minha vida. Que tinha encontrado "a pessoa", e mesmo não sendo perfeita, o meu interesse estava todo concentrado nela. Mas isso foi só uma passagem, um momento, uma fase da vida (e da relação). As relações são feitas de altos e baixos e esse era um alto claramente. Apesar de o sentir verdadeiramente nesse alto, também senti verdadeiramente noutros momentos que não conseguiria viver com esta mesma pessoa para o resto da minha vida. Na verdade, e mesmo gostando dele, pensar que nunca mais conheceria ninguém (do ponto de vista amoroso) na vida assustava-me. Quão errado é pensar assim?

05 de Janeiro, 2020

O que é afinal o amor...

Inês

Numa conversa entre amigas, a C. diz não conseguir identificar se gosta a sério de um rapaz com quem tem andado próxima. Diz que só gostou a sério de uma pessoa, na escola, há muitos anos. Era adolescente. Sentia borboletas na barriga, aquele nervosismo caraterístico. Seria talvez um amorzito de escola. Os grandes amores devem ser diferentes. A J. partilha o mesmo desconhecimento. Como identificar que o que sentimos é gostar a sério de uma pessoa? Falávamos do nervosismo, do querer muito estar com essa pessoa... Percebo mas não consigo pensar só nesses sentimentos sem as consequências negativas que daí advém, quando, por exemplo, estamos perante um tipo de amor não correspondido na totalidade ou apenas por as duas pessoas estarem em timings diferentes do "amor" ou simplesmente por o "amor" ser tão facilmente percecionado de forma diferente para cada um. Quando conversávamos, não consegui pensar em "amor" sem o associar a "desilusão". E isso desiludiu-as. Vivemos numa sociedade que projeta o amor entre duas pessoas como um mar de rosas. Uma correspondência incrível. O romantismo sempre presente. Apesar de sentir que há de facto alguma culpa na forma como a sociedade está desenhada e naquilo que nos transmite, sei que é nossa responsabilidade tornarmo-nos imunes a essas expectativas e construir a nossa própria história. Por outro lado, novamente a sociedade (e sobretudo por via das redes sociais), tornam a constante comparação demasiado fácil. Again, é nossa resposabilidade ignorarmos essa parte, tornarmo-nos imunes e não nos deixarmos afetar. Mas, damn, é difícil. Quando amamos, queremos sentir-nos amados. Queremos sentir a atenção personalizada, o carinho. Queremos ver no outro, aquilo que nós damos.

Já senti pelo menos duas coisas que acho que podem estar perto de ser amor. Talvez uma mais saudável do que outra. No secundário, e no que foi o primeiro amor da minha vida, cheguei a pensar que sentia "inveja" dos trausentes que tinham a sorte de estar a passar perto dele. Queria tanto estar com ele, gostava tanto, que sentia "inveja" de todas as pessoas que poderiam estar perto dele. Não no sentigo egoísta de o querer só para mim. Apenas no sentido de também eu querer estar ao lado dele. Mais recentemente, e no que cheguei a considerar ser o amor da minha vida, senti que gostava tanto dele que um dia casaria com ele. Para mim, isso é big deal. Casar nunca foi o meu sonho (bem pelo contrário). Quando o abraçava sentia químicos e energia a fluir entre nós, um bem-estar enorme. Deitar-me com ele, abraçados e entrelaçados, acordar durante a noite e ver que está ali ao lado, acordar e ter logo os seus braços. É, sem dúvida, dos melhores sítios onde já estive. E, mais importante, nunca deixou de ser menos mágico. Eu não percebo nada disto, mas esta sensação é o que eu posso definir como mais próxima de amor. Pode isto existir e mesmo assim as duas pessoas não serem as indicadas uma para a outra? Acho que sim. Não tenho a certeza.

O amor dá-se à primeira vista ou vai-se construindo? O facto de ser construído não lhe retira magia e naturalidade? Eu acho que retira alguma... Por outro lado, a ideia de amor à primeira vista pode apenas ser um conceito romanticizado que a sociedade construiu e não ser real. O conceito de "o tal" já todos sabemos que não existe, certo? Eu até aqui compreendo. O the one não existe. Todos temos que nos adaptar e moldar ao outro e só assim uma relação resulta. Honestamente, nem consigo ainda compreender se é possível manter uma relação para a vida toda (mas isso ficará para outro post onde falarei sobre Esther Perel e o que aprendi a ouvi-la). Acerca destes temas, gostava muito de ver os conteúdos do Esquadrão do Amor do canal Q. Volta e meia lá vou eu rever os vídeos (que até guardei numa playlist) para me relembrar de algumas coisas. Se o amor se vai construindo então quase podemos acreditar que escolhemos a pessoa por quem nos apaixonamos. Bem, e se assim é então lá se vai mesmo a magia pelo cano abaixo. Só fica mesmo alguma magia se alguma vez formos capazes de sentir aquelas borboletas na barriga ou aqueles químicos a fluir quando abraçamos a pessoa, mesmo escolhendo a pessoa por quem estamos a sentir isso (não sei se acredito nisto).

Penso muito sobre estes temas ligados ao amor. Tenho muitas perguntas, muitas dúvidas. Acho que é das coisas mais complexas de deslindar na vida. E mais ingratas também. É muito fácil errar, querer o que não devíamos, ser tentados pelo que não nos faz bem... Acho difícil manter uma posição no que toca a sentimentos e pessoas. Até porque somos todos carentes de algo. Talvez eu complique demasiado as coisas e queira definir e categorizar coisas que à partida são impossíveis de definir. Sente-se é certo. Mas então como ajudar a C. que não sabe se gosta a sério dele? Se gostasse a sério, isso não seria nem sequer uma questão? É isso?

03 de Janeiro, 2020

2019

Inês

- mudei de casa

- fui a Paris com uma amiga que só reencontro de anos em anos e é sempre maravilhoso

- fiz couchsurfing

- voltei a cortar o cabelo pelos ombros

- finalmente comecei a trabalhar a contrato, depois de dois estágios (yey subsídio de férias e de natal!!)

- vi Conan Osiris ao vivo

- fiz e defendi a tese de mestrado

- fui ao meu primeiro festival, o Primavera Sound e vi J Balvin

- fui ao meu segundo festival e vi Ornatos pela primeira vez

- fui ao meu primeiro velório, e pela primeira vez fui obrigada a lidar com a morte de alguém tão próximo

- recebi o meu primeiro reembolso de IRS

- fiz a primeira viagem com as minhas amigas desde que viemos de Erasmus, a Marselha

- fui a Peniche

- terminei uma relação de 3 anos e meio

- fui sozinha a um concerto de grandes dimensões e adorei (e vi Ornatos pela segunda vez!!)

- voltei a Treviso, sítio onde fui tão feliz

- fiz a primeira viagem com a minha mãe, a Veneza

- vi imensos (mas não todos os que queria) espetáculos de Stand-Up; a ver: Salvador Martinha (Cabeça Ausente), Coutinho Vilhena (Meta e Bebe Proveta); Guilherme Geirinhas (Modo Voo); Sinel de Cordes (Memento Mori); Pedro Teixeira da Mota (Caramel Macchiato); Batáguas (Quero Lá Saber)

- fui e Barcelona onde passei a passagem de ano e entrei em 2020 bastante feliz