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Teenage Dirtbag

yound adult na tarefa árdua de tentar ser alguma coisa de jeito.

Teenage Dirtbag

yound adult na tarefa árdua de tentar ser alguma coisa de jeito.

28 de Dezembro, 2020

Tipo Normal People

Inês

Conheço-te há oito ano. Depois de acabar o secundário e o mítico verão de 14, cada um seguiu o seu caminho e as ligações passaram a ser mais espaçadas. Um dos dias mais tristes da minha vida foi o dia em que me disseste que namoravas. Fiquei incrédula. E a pior parte é que namoravas com uma rapariga que conheceste antes de mim. Isso para mim foi o que me lixou completamente. Uma coisa é aparecer uma pessoa nova, com novas características e uma pessoa apaixonar-se. Outra muito diferente é ser uma pessoa que já estava na tua vida, que já conhecias. A meu ver, é a prova provada que eu que apareci depois, não fui capaz de te apaixonar. E logo tu que nunca foste de namorar. Bem, isso bateu-me forte na altura. Mas já passou. Estabilizaste numa relação séria antes de mim (quem diria) e até foste viver com ela. Durou anos. Talvez vá durar mais ainda. Fomos falando de tempos em tempos, quando o paraíso ficava um bocadinho mais feio. Uma noite foi mais do que falar. Erramos os dois. Mas o facto de ser um com o outro, de certa forma, ameniza todo o erro. Tudo o que te diz respeito sou capaz de colocar numa base temporal anterior ao DC. Sempre pensei que não tivemos tempo para nos aproveitarmos. Falamos tanto e fizemos tão pouco. Faltava sempre algo. Depois cada um arranjou o seu par e o que prometiam esses tempos, ficou congelado. Até esta semana em que, não pela primeira vez, me dizes que acabaste com ela e que queres conversar. Fui-te buscar e caminhamos talvez 2 horas na praia. Que local bonito que o destino escolheu para o nosso reencontro. It's funny porque, no que toca a boys business, eu sinto-me muito bem resolvida. Faço bastante merda é verdade mas sinto-me confortável com as minhas decisões. Mais importante do que tudo, não me arrependo. Estou bem com o DC e tu metes conversa? Claro que sim. Falamos sobre tudo. Costumava dizer que eu te conhecia como ninguém, comigo não precisavas de fingir, podias ser cruamente honesto que por mim estava ok. Eu conhecia-te, aceitava, tinha e tenho um carinho especial por ti. Foste a minha crush, o meu primeiro amor. Costumava conhecer-te bem mas ontem comecei a pensar e não sei até que ponto é que hoje posso afirmar tal coisa. Afinal os anos mudam a pessoa, as experiências. Eu não sou a mesma Inês de há 5 anos, muito menos de há 8 anos. Julgo que já não posso dizer isso, apenas que há traços que reconheço em ti e vejo que não se alteraram. Mas não me nego a conhecer as diferenças. Nego-me a muito pouco nesta vida.

Estou resolvida o suficiente para compreender que não és tu quem eu quero para a minha vida (se é que isso pode ser resumido a uma pessoa). Estou resolvida o suficiente para me disponibilizar a aproveitar o que aparece no meu caminho, sem eu correr atrás seja do que for, guardar os bons momentos, curti-los ao máximo e viver o resto do dia e dos dias tranquila na minha própria companhia. De forma independente e autosustentável. Este foi dos maiores e mais importantes ensinamentos que adquiri o ano passado aquando o término da minha relação com o DC. Nas primeiras semanas sentia-me como se andasse no extremo de um abismo, do qual podia cair a qualquer momento. Meses foram passando e o cenário do abismo foi-se desvanecendo. O tempo mostrou-me que eu era mais forte do que o que pensava e que caminhava tranquila e autónoma em terreno sólido e estável. Passaram pessoas e continuei sem tremer. Isso é algo que espero não vir a perder. Este desapego.

Chamaste-me e fui. Como sempre iria. Difícil negar-te algo. A química mantém-se. Deixei claros os meus pensamentos e abri as portas para os teus lábios. Finos. Já não me lembrava de como eram finos. Sei que há o risco de em algum tempo voltares a enviar mensagem a informar que voltaste com a tua ex-namorada. Se assim for, tudo bem na mesma. Se assim não for, melhor ainda. Porque há uma frase que não me sai de cabeça e que diz que estarmos juntos é algo que devemos ao universo.

26 de Dezembro, 2020

Natal 2020

Inês

Parece um post cliché mas de facto há algo a partilhar. Eu em novembro até julguei que este fosse um natal bastante idêntico aos anteriores, dentro da minha família. Porém, a minha mãe, e bem, preferiu jogar pelo seguro e portanto não fomos os 10/12 habituais, fomos apenas 3. Os 3 que cohabitam diariamente foram os mesmos que partilharam a ceia de Natal. Foi o primeiro Natal que passei unicamente com a minha mãe e irmão mas overall foi um bom Natal. Jogamos GuessUp e isso foi muito divertido. Depois cada um foi para os seus telefones aguardar pela meia-noite. Abrimos os presentes (que estranhamente eram bastantes este ano), vimos mais um episódio de Criminal Minds e fomos dormir. Foi um Natal calmo, tranquilo, pouco barulhento e pouco confuso. Houve pão-de-ló e bolo de chocolate. Houve visitas de tios à porta de casa, com máscara e distanciamento. Houve, de um jeito diferente, Natal. Portanto, é despachar isto e que venha 2021!

20 de Dezembro, 2020

The Weeknd

Inês

Já ouço The Weeknd há alguns anos mas este último album está incrível. Todas as músicas são para ouvir over and over again.

 

18 de Dezembro, 2020

Desaponto

Inês

Há alturas em que fico meia desiludida comigo mesma.

O fim do ano é uma época fulcral no meu trabalho pois novembro e dezembro são meses em que o comércio triplica e, como consequência, triplica também todo o trabalho no mundo da Logística e dos Transportes. Há três anos que passo os natais neste mundo. O primeiro natal foi de aprendizagem de tudo, não só da logística em específico mas a novidade do mundo do trabalho em si. Tinha muito poucas responsabilidades. Entrei em outubro pelo que não me foi passado quase nada nesse natal. No ano seguinte, foi o verdadeiro primeiro. Esse natal foi uma autêntica miséria. Atrasos e extravios todos os dias. Percebi que é relativamente normal o acréscimo de incidentes nesta época. As origens são fundamentalmente duas: black friday e natal. O negócio aumenta, as entregas também e as infraestruturas que serviram durante um ano inteiro cedem perante o tsunami de encomendas a circular. Apesar de as empresas do meio contrarem mais estafetas e aumentarem a frota, não é suficiente. Este é o meu terceiro natal e julguei que seria mais controlado. Mas não, porque... covid.

Em ano de pandemia, as vendas online triplicaram ou até quadriplicaram. As pessoas compram muito menos em loja física tanto pela prevenção em relação ao covid como porque as lojas estão com horários restritos o que contribui ainda mais para as pessoas comprarem na net. Ora, tudo o que compramos online chega-nos a casa através de um estafeta. Quando muita gente compra online, é preciso muitos mais estafetas e armazéns para possibilitarem que essa encomenda seja expedida de um determinado vendedor e chega atá à nossa porta. Paralelamente, entregar numa loja (comércio tradicional) é muito mais fácil do que entregar num particular. Ora vejamos: a loja está aberta todo dia num centro urbano. Um particular pode estar em casa ou pode não estar e pode viver em zonas mais afastadas dos centros (já para não mencionar que podem mesmo viver em zonas rurais o que obriga um desgraçado de um estafeta a fazer kms e kms para entregar uma pequena caixa). Ou seja, há muito maior probabilidade de o cliente estar ausente, de não ouvir a campainha, de demorar mais a fazer a receção da encomenda, etc, etc, etc. Entregas em particulares são mais complexas, mais demoradas e mais sujeitas a não ser bem sucedidas. Cada encomenda que não é entregue num dia, é espaço ocupado no armazém para no dia seguinte voltar a entrar na carrinha e seguir na mesma rota. Duplicação de custos e diminuição da capacidade para todas as encomendas que entram no dia seguinte, diariamente. It's a pain in the ass, that's what it is.

Como dizia, este é o meu terceiro natal e apesar de já em novembro, mês de black friday, terem começado as incidências diárias e de começar o meu treino diário de as monitorizar, sinto que falhei na mesma porque na prática não fui capaz de tomar uma decisão. Deixei os problemas acumularem-se convencida de que o próximo dia seria sempre melhor. Foi preciso outra pessoa chegar-se à frente e decidir para eu concordar. A decisão tinha que ser minha e eu não me preveni convenientemente. Sei que a alternativa não iria solucionar a 100%, mas teria evitado toda a falta de informação e extravios que temos à data de hoje. Isto é, nós trabalhamos com dois parceiros ao longo do ano, e eu sei de antemão que um deles tem um serviço de maior confiança do que o outro. Mas na minha ideia apesar dos problemas, teríamos que nos manter com os dois. Poré, hoje reflito e penso que isto foi exatamente o que aconteceu o ano passado: chegou a um ponto tão crítico que passamos a enviar tudo por um único parceiro, o de maior confiança. Se eu me tivesse sentado calmamente e pensado sobre este cenário com cabeça, teria chegado à mesma conclusão há semanas atrás. Quanto mais cedo, menos maus eram os meus dias e os de todos na organização. Protelei uma decisão na expectativa ingénua de essa decisão não ser necessária. Sendo o terceiro natal, sinto-me um fracasso. Não deveria ter sido precido tanto para perceber o obvio. Por outro lado, este ano foi distintamente absurdo em relação a todos os outros. Excedeu todas as expectativas criadas a nível de negócio e fluxo de encomendas pelo que eu não poderia prever o quão problemático se tornaria. Porém, e apesar de compreender todas as justificações que me dão para as entregas falhadas, a essência do meu trabalho é o sucesso do negócio do qual faço parte e tomar todas as decisões que o protejam. Pelo que, neste último ponto, sinto que falhei.

08 de Dezembro, 2020

Reviravolta

Inês

Já escrevi e reescrevi este post. Não me tem saído bem.

Falei com os chefes e entreguei a carta de demissão aos RH. Não dei hipótese de negociar seja o que for. Queria sair e ponto final. Não queria permitir que me criassem um dilema, com uma contraproposta que me fizesse tremer. A decisão era minha, unicamente minha. Passou uma semana e sentia-me bem e tranquila até que o chefe chama-me e diz-me "Inês duplico o seu salário e dou-lhe outras funções. Fica?". Este era o momento que eu temia e evitara a todo o custo. Aliás, nunca imaginei o momento assim. Sabia que havia a possibilidade de igualarem o salário que eu tinha fora da empresa mas nunca imaginei que ultrapassassem esse valor. Duplicar o salário é uma diferença absurda. Por um lado, é ótimo. Por outro, revela de forma clara e inquivoca como fui mal paga durante três anos sem justificação. Revela e prova ainda, de forma aparentemente injusta, como o sistema funciona. Trabalhei três anos e nunca pedi aumento. Apenas uma vez numa avaliação de desempenho. Fui aumentada 35€ e ouvi que tinha que os aumentos tinham que ser devagar que eu ainda era nova e tinha muito que aprender. Oito meses depois eu tomo a decisão de sair, comunico-a com a calma mas com assertividade e de uma semana para a outra deixo de ser nova demais para ganhar bem. E nem sequer pedi nada. Se pedisse, quanto mais poderia haver? O dinheiro existe e quem não chora não mama. Causa quase um sentimento de injustiça por durante tanto tempo ter ganho tão pouco. Porém, como havia dito nuns posts anteriores, ter reunido a coragem de sair e avançar com essa decisão foi o despolotar do melhor de dois mundos. Se saísse, saía bem cheia de sede por descobrir novos mundos. Se ficasse, que era muito improvável no início, só ficaria por razões muito fortes. Neste caso, não pude ignorar a duplicação da valorização do meu tempo, o facto de ser um emprego seguro, de ser um sítio onde me sinto bem, tenho boas condições, tenho colegas e amigos com quem passo o dia a rir, tenho autonomia, responsabilidade e conhecimento acumulado que me possibilitam crescer internamente (apesar de já saber que nunca crescerei muito, a verdade é que num universo de 70 pessoas, estou numa das escassas posições onde posso efetivamente evoluir). Além disso, é uma empresa com história que efetivamente tem estabilidade financeira e, apesar de dividir de forma injusta essa rentabilidade, eu tive a sorte de, nesta situação, estar do lado dos afurtunados. Sendo uma pessoa que na generalidade considera que lhe faltou sorte em alguns aspetos da vida e que anda sempre à procura de melhor, não posso ignorar esta grande sorte. Tive sorte e azar em ter esta empresa como primeira casa profissional. I mean, poderia ser sempre pior. Poderia ser sempre melhor. Tenho nos meus pares mais próximos, exemplos de ambos os lados. Pessoas que saíram da univ e andaram a saltar de empresa em empresa por diversas razões. Pessoas que entraram, foram logo bem pagas e não saíram. Pessoas que entraram, foram bem pagas e querem sair de qualquer forma. Pessoas que continuam a ser mal pagas mas estão bem. Pessoas que andaram meses e meses à procura de emprego e finalmente encontraram. Há uma diversidade de caminhos a percorrer. Apesar de a comparação ser inevitável e, no meu caso, ter sido a origem da desilusão para com a minha empresa, foi também o motor para querer chegar a um sítio melhor e essa motivação levou-me a melhorar as minhas condições num sítio onde já estava. As condições já existiam, simplesmente não estavam ainda ao meu alcance. Se é justo ou injusto? Quase nem interessa. É assim que funciona e temos que nos adaptar. Posso olhar para esta situação de diversas formas e, se saísse, encontraria uma série de boas razões para suportar essa decisão também.

O mais difícil foi, sem margem de dúvida, ligar para a empresa e recuar quando já tinha dito que iria trabalhar com eles. A verdade é que o mercado de trabalho é uma selva e sinto que fiquei numa posição ingrata. Sem dúvida que eles me pressionaram a dar uma resposta rápida e mesmo perante o meu discurso neutro do género "a vossa proposta agrada-me, vou falar com a minha administração e volto a contactar-vos" a resposta do outro lado foi literalmente "ficamos contentes, bem vinda à equipa". Depois de comunicar que entreguei finalmente a carta e de enviar os dados para o contrato, ligar para dizer que afinal já não iria concretizar a mudança custou-me muito. Quebrei a minha palavra e isso custa engolir. Mas teve que ser.

Há que tomar decisões. E eu tomei as minhas. Olho para trás e, neste momento, penso que no fundo tudo está bem. Tinha tomado a decisão de em 2020 mudar de emprego para melhorar a minha posição profissional. Não mudei de emprego mas a segunda parte cumpriu-se. Sinto que, de facto, ter a coragem de mudar é meio caminho andado para que coisas boas aconteçam.