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Teenage Dirtbag

yound adult na tarefa árdua de tentar ser alguma coisa de jeito.

Teenage Dirtbag

yound adult na tarefa árdua de tentar ser alguma coisa de jeito.

22 de Junho, 2021

Criatividade

Inês

Uma das coisas que mais me fascina é a criatividade dos artistas, a capacidade de fazer nascer algo novo, de criar, de inventar. E sobretudo o facto de saírem coisas espetaculares, que me dão arrepios e que me dizem muita coisa. Falo sobretudo de música que é o que mais me toca. É para mim realmente fascinante. Fascínio é a palavra certa. É não perceber de todo acerca de como aquilo feito e adorar absolutamente. Provavelmente este fascínio vem da minha criativiade nível zero. Não sou criativa, de todo. Não desenho, não canto, não toco instrumentos, não danço especialmente bem, não represento e não tenho qualquer jeito para a moda (nem vos conto a quantidade de vezes que estou na secretária do meu trabalho arrependida com'ó caraças do conjunto horrível que tive ideia de vestir de manhã). Enfim, não se encontra em mim nenhum talento, nem dos mais conhecidos nem dos menos. Apesar disso, sou viciada em música. Adoro. Sou das pessoas que conheço que mais gosta de música, que se vicia, que ouve música todos os dias. Não creio que haja um dia que eu não oiça qualquer coisa. Posso ir no caminho casa-trabalho de 7 min que ligo logo o spofity para ouvir algo. Ou o rádio. Se há vício que tenho é o de ouvir música, definitivamente. E com muito gosto! A música dá-me vida.

Ter encontrado os Måneskin nestas últimas semanas, relembra-me desta espetacularidade que é termos artistas e do quão espetaculares eles são (na falta de palavra que se adeque melhor). Um grupo formado por quatro jovenszitos que se conheceram aos 15 anos. Quais são as probabilidades de aos 15 anos encontrares 3 pessoas com quem vais criar magia? O que é ainda mais mindblowing é também o quão novos são. Mas enfim. Claro que são casos raros e, por isso, é que vingam. Aliás, haverão milhares de outros grupos que não têm sucesso e não são conhecidos mas existem, tentaram (ou tentam), simplesmente não têm o clique, a química e a dinâmica certa que, por exemplos os Måneskin têm. Ou Queen, Artic Monkeys e tantos outros...

Creio que, de facto, apenas fico mais deslumbrada dada minha falta de veia artística. Não saberia nunca como juntar duas notas ou formar um ritmo. Não saberia nunca criar algo do zero. Teria que ter sempre algo. Não cabe na minha cabeça a criação artística. É com muita dificuldade que tento distinguir os instrumentos numa música mas tento. Agora como chegaram lá? Sei lá, não cabe na minha cabeça! Na semana passada ouvia o podcast Reset, a conversa entre a Bumba e a Capicua e elas diziam ser impossível para elas imaginarem sequer o que é uma potência, tipo um 9 elevado a qualquer coisa. Tipo o que é isso? O que é imaginar isso? Eu identifiquei-me com esse discurso. Também não consigo imaginar muita coisa que aprendi nas matemáticas, cálculos e muito menos álgebra (mas o que é algebra?, passei com um mísero 9.5 e não sei rigorisamente nada). Tipo, não dá para visualizar. É igual nas artes, para mim. Fui feita para apreciar e vibrar, apesar de não perceber nada do que está por detrás daquela obra-prima. Talvez por isso é que goste tanto.

17 de Junho, 2021

Saúde Mental

Inês

Falar sobre saúde mental está muito na moda. Para mim é um assunto tão presente como ausente. Let me explain. Tenho uma mãe que tem tendência para a depressão. Já teve algumas ao longo da vida. E eu já tive a infelicidade de lidar com elas bem de perto e quando ainda era bastante nova para perceber o que estava a acontecer. Por outro lado, eu não reconheço em mim qualquer traço de depressão ou, por outra, de ansiedade. Depressão: a doença que nos prende ao passado; e ansiedade: a que nos liga ao futuro. Ambas destroem o nosso presente e isso é um problema. Na verdade, eu não me consigo colocar no lugar da minha mãe ou de outras histórias que vou conhecendo associadas a questões do foro mental. Claro que tenho as minhas dificuldades e os meus desafios mas olho para eles com alguma naturalidade e todos acabam por ser temporários. Não arrisco a dizer que são os normais porque, enfim, serão os ataques de pânico, as fobias, os estados depressivos "anormais"? Se analisarmos por uma questão de frequência e representatividade na população, infelizmente, estes cenários são cada vez mais comuns e, portanto, cada vez mais normais. Mas de uma perspetiva do que é suposto acontecer ou como é suposto estarmos na vida, esses cenários não são de todo normais, naturais ou supostos. Devemos ultrapassá-los, evitá-los e se não os tivermos no caminho (como eu, até ao momento) é o desejável. É uma sorte. Será? Serão genes? Não tenho os genes do meu lado mas ainda assim estou do lado bom da história. O meu irmão, por outro lado, tem ali coisas para resolver. Já foi a um psicólogo mas aquilo mexeu tanto com ele que desistiu. Fez mal. Agora está outra vez numa encruzilhada. Eu olho para ele e vejo que há ali muita coisa errada. Mas o que sei eu? Tenho menos 14 anos do que ele. Como é que ele ainda não percebeu tanta coisa da vida? Porquê que continua a cometer os mesmos erros? A sabotar-se a si próprio? Porquê que continua obstinado com coisas que não valem a pena? Se o visse feliz, não faria estas questões mas vejo-o tenso, frustado, desiludido, com uma nuvem negra em cima e isso entristece-me mais do que tudo. Por esse motivo, é que entendo saber mais e melhor que ele neste aspeto e desejo que ele caminhe na direção certa, que neste caso, será o psicólogo. Uma ajuda para desenlaçar aqueles nós que ele tem na cabeça e que o impedem de estar bem, tranquilo, sossegado e feliz. Nem que seja por momentos. Será que ele ficou com os genes errados e eu com os bons? Será que ainda me irá acontecer algo na vida, uma espécie de trauma, e também eu deixarei de ser capaz de desenlaçar os meus nós? Pode acontecer, eu não excluo hipóteses e, se/quando acontecer, espero ter o discernimento suficiente para procurar ajuda a tempo. Olho para a minha Luisinha com quem partilho os dias de trabalho e, numa análise totalmente superficial, poderia achar ridículo ou quase como uma chamada de atenção alguns dos problemas que ela me coloca. Mas depois vejo que ela, de facto, sofre com aquilo. E novamente entendo que simplesmente o meu universo de pensamento e lógica não é o mesmo que o dela, e de facto, lidamos com as questões da vida de forma diferente e para ela há problemas gravíssimos que, para mim, nunca existiriam. Porque talvez seja mesmo isso: o meu universo de pensamento é diferente do da Luísa, do do meu irmão e do da minha mãe. Será justo ou aceitável dizer que sou mais forte mentalmente que eles? Estará a saúde mental deles debilitada? É tratável, sem dúvida. Soa mal falar disto e assim. Mas ouvimos constantemente dizer que a saúde mental deve ser normalizada (claro!) como se de outro campo da saúde se tratasse. Então, se falássemos de uma dor na perna, poderia eu dizer que as minhas pernas doem menos e caminham melhor e mais rápido que as deles? Parece menos mal. Já cheguei ao ponto de desejar muito e ficar frustrada por não entenderem a minha forma de pensar, e complicarem tanto, mas neste momento, compreendo que é uma guerra que não vale a pena lutar, muito menos desta forma. Não ajuda ninguém. Há que procurar ajuda competente que desenlace os nós de forma intrínseca e não à força. Tenho muita pena de não ser capaz de os ajudar e vê-los à minha volta a embrulharem-se ainda mais. Mas de facto, temos que entender que partimos todos de pontos de partida diferentes, vivemos experiências distintas e percorremos caminhos diferentes que nos moldam. E, talvez sim, a estrutura mental de uns e outros seja também diferente, umas mais fortes, outras menos. Como os corpos, uns mais estruturados, outros mais finos. Há coisas que não controlamos e distingui-las daquelas que controlamos é dos maiores ensinamentos e aprendizagens da vida. O que controlamos deveria ser o nosso foco. Fazer exercício físico, ouvir música, dançar, canalizar tempo para fazer aquelas coisas que gostamos, para estar com quem gostamos. Atividades que têm efeitos positivos na nossa saúde mental, nos nossos níveis de bem-estar e felicidade. A ciência comprova-o! Porquê ignorar? Parece tão obvio, está à nossa frente (tantas notícias e estudos) e mesmo assim andamos infelizes e não sabemos porquê? Tentar aplicar o que já sabemos, aquilo que sabemos que resulta e que conseguimos controlar e, quando parece complicado demais, investir na ajuda adequada, no psicólogo, no diálogo, na escrita... Formas de exteriorizar e de deitar cá para fora o que nos atormenta para que de alguma forma o que está lá dentro pareça e seja mais simples.

08 de Junho, 2021

Lixo-me quando...

Inês

Percebo que afinal não me consigo interessar pelos dois. Ou talvez simplesmente esteja novamente com a chama apagada por ti. Já tínhamos falado que isto do amor (ou afins) é de ciclos e eu paro uns meses lá em cima e outros tantos cá em baixo. Sei que não é justo para ti. Não é justo mas eu também não minto. Tu queres mais e eu não e tu sabes disso. Queres sempre mais um jantar ou um fim-de-semana e o meu interesse é zero e, sinto-me meio culpada porque devia querer, vou e depois não consigo fingir que até no meu sofá sozinha eu preferia estar. Não consigo fingir. Sou tão má a fingir. Já o ano passado isto aconteceu, curiosamente, na mesma altura. Será que aconteceria de qualquer forma mesmo se o Lid não se tivesse atravessado no meu caminho? Ou será que inconscientemente o meu interesse se acumula nele e não resta nada para ti? Porque para ele eu vou a correr. A vontade de estar está bem presente. Eu dizia em outubro de 2020 que ter uma pessoa nova não alteraria os sentimentos que tinha pela outra. Dizia também que tu me bastavas, estranho à epoca. Desconfiava até que pudesse durar. Acertei. Resta saber a origem mas talvez a origem nem seja o importante. Eu conheço-me. Estarei mesmo condenada? Manter o interesse numa só pessoa de forma permanente continua a ser o meu desafio. Mas será um desafio que eu quero ultrapassar? Já li sobre relações abertas, poliamor, etc. Mas convinhamos, nada disso seria aceite na bolha em que vivemos. Eu sei, há que dar início à mudança de mentalidades e alguém tem que começar e, como sempre, quem começa nunca tem a vida facilitada mas esconder é tão mais fácil que isso tudo. I mean, eu sei lá o que me reserva o futuro. Quero ter opções. Quero ter margem para errar. E ocultar é guardar essa margem. Ainda há pouco pensava sobre as redes e como é tão fácil e gratuito para toda a gente partilhar lá a vida. Eu olho para aquilo e a cada scroll percebo o porquê de não partilhar coisa alguma e de achar um erro tão grande que os outros o façam. Cada coisa que os outros sabem sobre nós é um comprometimento que assumimos, ou por outra, um pedaço de espaço que retiramos a nós próprios de ser outra coisa. Uma limitação e condicionamento que oferecemos a nós mesmos perante os outros. Let me explain, se eu disser que hoje a minha cor preferida é o amarelo e amanhã disser que é o azul, secalhar quando eu voltar a dizer qual é a minha cor preferida já ninguém acredita. Claro que podemos crescer, aprender e evoluir mas precisa mesmo de ser em frente a toda a gente? Gente que nem interessa? Será que queremos que eles vejam os nossos erros? E isto é um exemplo simples, podem ser outros... Mas bem, já estou noutros voos. O ponto é que a partilha de assuntos pessoais vai, como já todos sabemos, longe demais nas redes. Eu levo o assunto para outro extremo e prefiro o lado low profile da vida. Não há uma pessoa neste mundo que saiba, por inteiro, quem é a Inês. Não há uma que conheça sequer quantas versões existem. A Inês do trabalho, de casa, da família, a irmã mais nova, a irmã mais velha, a inês das amigas, do D., do Lid, a que escreve neste blog, a que pega na mochila e vai sozinha por aí fora, a que fica em casa sozinha. Eu conheço-as a todas. E é com alívio que sei que ninguém as conhece a todas. Ninguém vê os erros todos ou as incoerências. Porque existem. Serei uma fraude? Se me comparar com as colegas que partilham a vida nua e crua lá... Eu vivo bem com os meus erros, com as minhas insensatezes. Não sei se os outros viveriam. Por isso, poupo-os a isso e sigo tranquila. "Esconder" e "ocultar" talvez sejam ferramentas que use demasiadas vezes. Não estou certa disso. Descobrirei no futuro. Não mudaria nada portanto não vejo objetivo em libertar informação que apenas traria negatividade aos que me rodeiam. Retomando o assunto central, não sei se reúno condições para acreditar que o coração é grande o suficiente para albergar mais do um interesse, conforme escrevi (sem grande convicção, importar referir) em outubro de 2020. Pode ser apenas sinais do tempo ou dos ciclos das relações. Talvez um dia tenha a resposta. Até lá, permanecerei na encruzilhada em que me enfiei.

 

PS: claramente irónico falar de redes nestes termos e manter este blog. De alguma forma, sinto-me protegida neste canto da net. Espero, honestamente, nunca deixar de me sentir assim.