Sintra em Abril de 2022
No fim-de-semana passado fui a Sintra com as minhas amigas. Foi um sítio novo para as três e já estávamos a precisar assim de um plano de girls numa aventura nova. A última vez que passeámos juntas foi de autocaravana no verão passado. Portanto, lá fomos. Fomos de carro, eu a conduzir, e foi a primeira viagem assim grande que fiz na vida. Três horas a conduzir em auto-estrada, seguido. Eu gosto de conduzir por isso até foi fixe mas é de facto cansativo. E deixámos o carro estacionado na vila, sem o voltarmos a usar. Aliás, compramos bilhetes de autocarro para ir lá cima ao Palácio da Pena pelo que ter ido de carro foi um bocado inútil. A única mais valia foi ir e vir à hora que quisemos. E ainda, o nosso alojamento ficava mesmo em frente à estação de comboios de Sintra, pelo que foi duplamente inútil (e pouco sustentável). Ir de comboio teria servido perfeitamente e teria mais o carácter de long trip. Mas pronto, foi uma experiência e valeu também por isso.
Chegámos no sábado ao final do dia e fomos só visitar a vila e o centro histórico. Fiquei logo encantada. Eu não pesquisei nada de Sintra. Só tinha visto aquelas fotos postais que nos aparecem nas redes e etc mas não tinha nenhuma ideia do que ia encontrar. Nunca procuro nada sobre os sitíos para onde vou. É sempre uma surpresa. É um misto de preguiça com vontade de descobrir in loco. Então achei logo muita piada aos edifícios antigos numa vila que parece construída em ponto pequeno. E as ruas estreitas que levam a um recanto atrás de outro. Acho sempre essa parte uma das melhores quando conheço vilas ou cidades novas. Nesse dia, fomos ao Pingo Doce e comprámos uma lasanha, uma garrafa de vinho, tostas e paté para jantar em casa e assim poupar uns euros. Foi um jantar fixe que terminou a ver Taskmaster (btw, programa espetacular!). Pelo meio, ainda tentámos fumar um charro que eu levei porque tinha em casa reservado para quando estivéssemos as três num ambiente que proporcionasse mas o facto é real: nós já não somos novas e não servimos para isso. Metade a dividir por três e tomamos a decisão unânime de não continuar porque não nos estava a saber bem. Mais vale o copo de vinho na mão e depois nem isso porque o sono força as pálpebras e já nenhuma de nós aguenta. Foi a constatação de que mesmo com as circunstâncias reunidas, já não é como de antes. Já não saímos à noite mesmo que nos seja possível, já não bebemos nem fumamos como dantes. Já não há madrugadas inacabáveis e só nos sabe bem ficar a rir sóbrias e ir para a cama cedo. É com uma grande nostalgia que recordo outros tempos mas está tudo certo. Foram vividos e isso é que importa. Faz parte do crescimento.
Mas bem, depois no Domingo e nosso segundo dia, não fizémos grande coisa de manhã e acabamos por passar quase todo o dia no Palácio da Pena. Eu não sou grande apreciadora de tempos históricos nem de arte histórica. Não percebo grande coisa também. Nunca tive grande capacidade para fixar os estilos de arte, a arquitetura, os reis e tudo isso. Também não me interessa especialmente e não consigo criar na minha cabeça um fio condutor da história. Quando é que inventaram a eletricidade ou outras grandes inovações e conjugá-las com os Reis ou as democracias ou outros regimes. Faz-me tudo alguma confusão, admito. - E isto faz-me lembrar algo que o Followthesun partilhou em relação a explorar natureza vs. explorar cidades ou locais históricos. Diz ele que gosta muito mais de viajar em sítios naturais e paisagens no meio da natureza do que locais com presença humana pois a natureza não exige explicações, basta apreciar. - Mas pronto, eu aprecio minimamente entrar no Palácio e ver que houve pessoas que viveram ali, daquela forma, há uma centena de anos atrás. Antes das guerras mundiais... É curioso e confuso também. Os jardins são bonitos. Mas o que gostei menos e mais impactou a minha experiência foi a quantidade de gente que estava nos arredores do Palácio (e em Sintra inteiro, já agora). Demasiada gente. Demasiados turistas. Sou suspeita porque também eu o era, a aproveitar aquele fim-de-semana prolongado, mas é muita gente. Estraga a paisagem e a visita dentro do palácio. Uma fila de gente a andar a um ritmo super cansativo. Andamos imenso, ficamos estafadas e nem sequer subimos nem descemos qualquer parte da serra. Foi tudo dentro do Parque da Pena entre a entrada principal e a entrada dos Lagos. Nem sequer vimos os jardins completos. Havia muito para ver ainda. E tantos outros palácios. Mas seria impossível em dois ou três dias ver tudo. No dia seguinte, era suposto passarmos duas horas na Quinta da Regaleira e passámos quatro! Muito mais pequena mas com tanto para ver também! Sitíos bonitos para fotos bonitas. Não propriamente para descansar, porque once again, muita gente. Mas a Quinta da Regaleira é um sítio encantado. As grutas que ligam os diversos pontos por debaixo da terra. Os caminhos e jardins por cima... Imensas fontes. Muito giro! E as vistas tanto da Regaleira como da Pena são espetaculares. Esta também costuma ser das minhas partes favoritas: os miradouros. Via-se até ao mar. Os reis daquele tempo tinham grande vista! Mas pensar naquele tempo, naquela riqueza só de alguns e saber que muitos mais viviam em pobreza e indignidade... Não consigo descolar dessa ideia e por isso talvez não me fascine assim tanto. Mas Sintra no geral encantou-me! E deixou ainda muito por ver. Diversos palácios e toda a costa! Fica para uma próxima, com certeza.