Este mês já está quase a acabar e nem se ainda bem ou ainda mal. Têm sido dias difíceis de definir. Continuo na luta a tentar tirar-te da cabeça. Não é fácil. Na terça passada estiveste cá e sem haver nada que o justificasse o meu corpo começou a panicar ainda antes de chegares. Dor de barriga, fome e vontade de vomitar, corpo a tremer e dores de cabeça. Demorei 30 min a comer um mísero croissant e até era dos bons. Estava bloqueada mas sem grandes razões para isso. Depois lá começamos a falar e sem conseguir evitar as lágrimas saltaram logo. Num ato de desespero (e a assumi-lo), pedi-te que caso começasses a namorar antes do meu aniversário que me mintas porque eu já detesto o meu aniversário, pior será se souber de tal notícia. Não sei se serás bom a fazê-lo (nunca és) mas fiz o pedido para me proteger e tentar que corra bem este ano. É um tiro no escuro. Sei que me protegeria melhor se me afastasse de vez de ti mas nem ponho essa opção em cima da mesa. Custa demais e sou fraca. Sempre fui de aproveitar o que a vida desse, apesar das consequência. Portanto, it´s typically me. Tenho-me esforçado para lembrar todas as razões pelas quais não resultámos e portanto também não ia ser à terceira vez. Tenho tentado ocupar-me o mais possível. Ressuceitei dois grupos de amizade que já não se reuniam há meses e meses e saí todas as noites deste fds. É fixe ter a Joaninha que é a companhia perfeita para estas ocasiões e mesmo aqui ao pé de casa. Porém, admito que são esforços ligeiramente em vão. Posso estar fora de casa e no meio de uma multidão e a tua cara cruza a minha mente centenas de vezes. Vejo-te em quase todos os rapazes e vejo-nos em quase todos os casais. É ridículo de tão verdadeiro. Fui ao São João e é só casais, não conseguia descolar a tua cara e o teu nome do que os meus olhos viam.
São só pensamentos a entrar que não consigo evitar. Mas como tenho aprendido mais recentemente, um pensamento pode ser só um pensamento e uma emoção pode ser só uma emoção. Um pensamento pode levar a uma emoção mas não é obrigatório que isso aconteça e também não tenho que pensar sobre esse pensamento, ou combatê-lo, ou torná-lo numa ação. Tu entras-me na cabeça e eu tento olhar para essa entrada com a distância possível. Distanciarmo-nos do pensamento como se o pensamento e a nossa cabeça não fossem a mesma entidade. Será possível? Estou no caminho de descobrir. Olhar o pensamento e não através dele, como se fosse uma lente que escolhemos ou não utilizar. Como se fôssemos um autocarro que conduzimos e entram pensamentos e emoções que ficam pelo tempo que desejarmos. São passageiros da nossa vida e podem sair logo na paragem seguinte. Entendo que o objetivo é empoderar-nos para sentirmos que temos o controlo, lá está, sobre os nossos pensamentos e emoções que é das grandes batalhas destes anos (e minha, sobretudo).
Porque, também como tenho aprendido, o nosso cérebro e corpo foram evoluindo a uma velocidade diferente da velocidade a que o mundo e as tecnologias evoluíram. Tivemos as revoluções industriais e tecnológicas e agora lidamos com as redes sociais que minam completamente a forma como o nosso cérebro está desenhado para funcionar. Ajuda perceber que não fomos feitos para isto: o stress, ansiedade, o saber que aquela pessoa está online ou esteve há x minutos e não escolheu falar contigo, saber que está em y sítio a divertir-se e tu em casa, saber que há uma guerra do outro lado do mundo e do mesmo lado até e ver imagens disso, os testemunhos profundamente tristes, etc. Há uma série de novas situações que estão a acontecer pela primeira vez na minha geração e mais jovens para as quais não fomos ensinados e, pior, o cérebro não consegue tratar. Egos, auto-estimas, capacidade de comunicação, relações, a nossa visão do mundo... E depois vêm as consequências. E como resolver? Pois, há soluções mais radicais que outras. Sair das redes, seria uma solução. Passar a viver a vida no raio geográfico em que realmente me encontro e não o do mundo online. Mas esse é muito radical e não creio que me fosse ajudar pois teria que ocupar esse vazio com outra coisa. Mas tenho pensado muito na meditação. No curso estamos a falar de minfulness e já me deparei várias vezes com técnicas de meditação, os yogas e etc. Sempre achei não era para mim mas na realidade nunca tentei. E para grandes problemas, problemas remédios. Falta-me tentar, porque estou numa de tentar tudo para ser o que já fui. Portanto, esta semana vou começar a tentar meditar, devagarinho, com os guias audios, poucos munitos e depois aumentando comforme me for tornando mais capaz. É um desafio que eu me auto-proponho. Isso e ir a mais aulas de boxe. Sei que não tem nada a ver mas eu naquelas aulas não tenho mesmo mais nada na cabeça. É prazer puro.