Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Teenage Dirtbag

yound adult na tarefa árdua de tentar ser alguma coisa de jeito.

Teenage Dirtbag

yound adult na tarefa árdua de tentar ser alguma coisa de jeito.

27 de Agosto, 2022

Is it a love story?

Inês

Lembro-me de ver mais um vídeo da Esther Perel em que ela procura explicar que na sociedade atual as traições têm cada vez mais formas e feitios, sendo cada vez mais complicado definir e limitar a infidelidade. Questionava ela "is it sexting? is it a message with happy ending? is it a love story?" Assim simples. E dei por mim a pensar que eu tenho vivido love stories, sem rótulos nem definições nem normas que alguém tenha escrito. E agora vivo mais uma, talvez a mais difícil de explicar de todas. Mas se há coisa comum em todas as love stories, é que há emoções e momentos que não se explicam.
Arranjaste mais uma semana livre e rumaste a norte até à minha terra, tais eram as saudades e porque temos que aproveitar todos os pedacinhos de sorte que a vida nos atira. Ainda por cima, a minha mãe estava fora e então experimentamos uma nova dinâmica e pela primeira vez entraste na minha casa. Bem, devo admitir que stressei muito. Arrumei muito a casa porque não queria que visses o quão dessarrumada está normalmente. Mudei coisas de sítio para ficar mais bonita. Imaginei muito como seria ver-te ali em pele e osso no meio das paredes do meu dia-a-dia. A dinâmica seria diferente da AC. A AC é o teu mundo. A minha casa é o meu mas tu és mais velho e achas que tens sempre algo para me ensinar, portanto, estava receosa. Mas vieste, foi mais tranquilo do que estava a imaginar e passamos bons momentos ali. Depois, meti férias assim à pressa (porque quero tudo e me sinto confortável o suficiente para o pedir, e deus me livre se isto me lixa a vida lá no trabalho) e partimos para norte. Paramos naquele que é provavelmente o restaurante mais caro em que já paguei uma refeição porque há dois anos que te devia um jantar. Foi muito bom e a noite ainda melhor. Partilhamos juras de noites assim para sempre. "Para sempre". Soube-me muito bem ouvir apesar de eu não ser este tipo de pessoa. É como se eu me permitisse ser tudo isto porque sei que contigo nunca terei tudo isso. E ainda assim perco-me em cenários em que partilhamos uma vida juntos. Tu dás-me liberdade, oportunidade, ofereces-me possibilidades infinitas de me conhecer e de ser coisas diferentes. E isso é uma das definições do amor. Não tanto a questão de amarmos uma pessoa ou aquela pessoa nos amar de volta mas sim amarmos quem somos na companhia dessa pessoa. Gostarmos verdadeiramente de nós próprios e de quem nos tornamos com esse alguém. Isso é o amor.
Depois passamos o dia na Piscina das Marés em Leça e no final do dia desentendemo-nos. Nunca nos tínhamos desentendido tanto. E é complicado porque uma das nossas bases é da brincadeira. Metade do que dizemos é a brincar e depois há linhas ténues entre o que é a brincar e o que não se leva sério quando o devia ser. Mas enfim, ambos sabemos que não estamos aqui para nos chatear. A noite não acabou de forma diferente das outras.

This is more then sex. This is a connection. And I want this connection para sempre.

301436488_438787281606320_6877859032374326913_n.jp

22 de Agosto, 2022

Um esforço para estar tranquila

Inês

Esforço e tranquilidade não são palavras que à partida casem à primeira vista mas há uma ligação que eu passo a explicar. A minha maior resolução dos 26 (ainda que eu não seja de resoluções) foi colocar a minha vida nos eixos. Não que isto seja um objetivo por si só porque "viver é um constante rasgar-se e remendar-se" mas havia uma grande necessidade de ficar equilibrada. Porque não o estive no primeiro semeste do ano. Então aproveitei o embalo dessa data importante para me esforçar um pouco mais em aplicar no quotidiano coisas que fazem bem (ainda que o verão não seja grande amigo de rotinas). Então é com algum contentamento que concluí uma semana inteira de me deitar cedo e acordar mais cedo, dormindo pelo menos sete horas por noite, esforcei-me também em meter o despertador para 15 min mais cedo e assim meditar durante uns queridos 10 mins matinais (entendi que era a melhor hora para mim pois é quando a casa está em silêncio e, conseguindo acordar cedo, não fico com pressa para nada e consigo ter uma slow morning - acreditem acordar cedo é provavelmente o que eu mais detesto na vida de adulto e onde falho redondamente chegando praticamente sempre 15 min atrasada ao trabalho, mas esta semana admito que correu bem); tenho também o objetivo de ir ao ginásio três vezes por semana mas tem sido complicado porque os horários do gym estão todos trocados e não há as aulas que eu gosto, ainda assim tenho feito muito a aula de pilates que ajuda bastante a relaxar a mente e não é pêra doce!; também tenho comido mais sopa e legumes e comprei uma série de alimentos ricos em magnésio a ver se consigo controlar os tremores e caimbras que estão cada vez piores; em relação a isso, atirei-me ao magnesona pois tomei suplementos durante meses que não tiveram efeito e agora passei ao medicamento mesmo a ver se resolve; entretanto, também escrevi nas portas do meu armário lemas, aprendizagens e regras de vida para estar bem (parece um bocado inútil mas não é porque escrever e ter o suporte visual, materializa mais aquilo que queremos). No geral, foi uma boa semana em que andei bem-disposta e contente. E isso é tudo o que quero. Estar bem para aproveitar o que a vida tem de melhor, enquanto tenho o direito de o ter, e estar aqui para os outros que me querem e precisam de mim. E se há coisa que aprendi comigo e com os outros nos últimos meses é que se não cuidarmos de nós primeiro, não teremos capacidade de cuidar dos outros. E todos podemos cair num piscar de olhos se não estivermos vigilantes. Estar vigilante implica esforço, dedicação e até disciplina. Mas é essencial para estar bem.

17 de Agosto, 2022

I think I'm falling for someone

Inês

Who's 14 years older than me. Who lives more than 300 kms away. Who's married and as a kid. But who cares? I'll become the fucking best at relationship expectations managment with these impossible ones. Where is this gonna take me? Probably nowhere but we're just enjoying the ride.

PS: and meanwhile I took the decision to finally unfollow DC and stop seeing what's happening in the other side. Call it emocional intelligence. Not that it was being hard for me but we're trying to take care of our mental health so this is for the best.

08 de Agosto, 2022

Da Ericeira à Nazaré #8 - Fim

Inês

Sábado acordámos cedo porque eu tinha que apanhar o autocarro para o norte. Vim embora com um sentimento bastante bom que se foi transformando ao longo do tempo. Acima de tudo, conectei-me com o R. como ainda não tinha acontecido e isso é importante em duas vertentes: primeiro, demonstra-me que consigo ainda conectar-me com alguém de uma forma tão única e especial, que a batalha ainda não está perdida apesar de eu já ter vinte e seis anos (só que na realidade a batalha é perceber se quero ou não entrar nessa guerra, mas querendo, é possível). Ainda que também tenha a consciência que só me deixei conectar desta forma porque vim de um sítio vulnerável e estava carente (mas também pode acontecer assim ou não?); em segundo lugar, é realmente fantástico viver isto com o R.; "ignorei-o" durante dois anos e agora aqui estamos, a trocar mensagens todos os dias e várias vezes, na maior parte das vezes são só de emojis apaixonados e semelhantes. Estamos a viver coisas fixes e sempre a planear e à espera de quando podemos voltar a estar juntos (aliás já estivemos mais um fds juntos entretanto). Não sei bem qual o fim desta história (ou se terá fim porque comigo não costuma ter) mas não vou estar a pensar muito. É daquelas coisas que vou só aproveitar o bom enquanto houver sejam isso semanas, meses ou anos. Não há expectativas, não há normas, não há regras. Só há vontades mútuas. De estar junto, de falar, de fazer acontecer, de aproveitar. E é isso mesmo que planeio fazer.

PS: e passei a semana sem tremores na pálpebra e sem roer as unhas. Roí quatro unhas logo que cheguei a casa e, ao fim de duas semanas de vida normal em casa e no trabalho, o tremor passou para o segundo olho. Se isto não é sinal claro de onde eu devo estar, então não sei.

08 de Agosto, 2022

Da Ericeira à Nazaré #7 (sexta)

Inês

Acordamos e fomos explorar a Ponte da Barca cá em baixo. Aparentemente é uma construção feita há décadas atrás que se tornou ilegal e portanto está meia ao abandono. Aqui perto compramos uns percebes que são apanhados na zona. Descemos um bocado mais e paramos novamente na Praia de Porto Dinheiro. O R. sugeriu fazer uma paragem apenas para um mergulho rápido mas vi o mar com umas ondas chatas e não consegui mergulhar. O R. estava sempre a insistir para eu ir mergulhar e eu queria mesmo conseguir fazê-lo. E isto foi uma das cenas destes dias que mais me chateou. Martirizar-me por ir à praia e não conseguir entrar no mar. É como ir a Roma e não ver o papa. Fico triste comigo própria. Olho o mar e tenho um bloqueiozinho qualquer que me impede de entrar e tomar banho. Depois penso nesta pressão invisível e no porquê de me estar a martirizar. Então e se eu vier à praia e não for ao mar? Qual o problema? Era melhor se fosse? Talvez. Mas menos pressão interna pf. Vou à praia, não vou ao mar e está tudo bem com isso. Amanhã hei-de ir. Quando não houver ondas hei-de ir. E se não for tudo ok na mesma. A coragem é a inibição do medo, ok, e para já não ultrapasso "o medo" mas ok. Hei-de ultrapassar e pode demorar e até nem chegar e tudo bem. Há outras coisas mais importantes. Foi um uma discussão interna interessante.
De Porto Dinheiro fomos até à Praia de Valmitão. Também não consegui mergulhar aqui mas passou-se bem. No final da tarde fomos para a AC e matamos a tensão que pairava aos dias.
A última paragem foi novamente o parque da Foz do Sizandro onde tínhamos pernoitado na primeira noite. Jantamos os percebes e fomos ao bar onde jogamos a primeira vez (e desta vez levamos cash para evitar problemas!). O senhor do bar conheceu logo o R. e iniciamos novamente uma grande conversa. Porém, mais curta pois juntamo-nos a outro casal que estava a jogar bilhar. Eu já joguei bilhar mas já foi há alguma tempo e isso notou-se. Estava eu, miúda, entre quatro pessoas que jogavam bem. Não consegui dar a primeira tacada pois o taco tremeu todo antes de bater na bola. Senti-me mesmo envergonhada. O ambiente era fixe e todos disseram que era só para divertir (claro, para aliviar a tensão que eu pudesse sentir e claro que sentia). O R. queria dar muitas dicar e só repetia "é fácil" para me encorajar. Mas enfim... Ele que dizer que é fácil não ajuda pois se eu falho, falho uma coisa fácil o que torna a falha mais estúpida. Mas pronto, lá apanhei o jeito e, daquelas ironias da vida, acabei por ser eu a dar a tacada da vitória e ganhámos. Ficamos na conversa até às duas da manhã com esse casal. Conversa mais ou menos. Porque eu conversei pouco e quase só ouvi. O casal tinha uma história interessante e depois quase no fim veio a pergunta "então e qual é a vossa história?". Não aprofundamos muito e fomos relativamente honestos. Já muito tarde e bem bebidos fomos para a AC abraçados e tivemos uma das melhores noites de sempre para mim.

08 de Agosto, 2022

Da Ericeira à Nazaré #6 (quinta)

Inês

Saimos da Foz do Arelho e fomos até à Praia da Gralha que fica um pouco depois de São Martinho do Porto. É uma praia naturista e portanto menos movimentada. Passamos um bom dia de praia aqui. A água estava um pouco agressiva portanto não mergulhei. O céu esteve começou de manhã nublado mas depois abriu. Até adormeci ligeiramente à tarde, enrolada na toalha com o R..
Depois saímos da praia e passamos por São Martinho do Porto novamente, rumo a sul. Só paramos num parque à beira-mar perto do Porto das Barcas na Atalaia. Trabalhei mais um bocado e o R. foi ver mais um bocadinho da volta de ciclismo. Jantamos amêijoas que o R. chama de cadelinhas. Foi um sítio lindo para se ver o pôr do sol e cozinhar a olhar para o mar. Fomos dormir cedo porque estávamos cansados mas abraçados um ao outro, e eu senti que tinha ansiado este momento. Adormeci com o som do mar.

05 de Agosto, 2022

Da Ericeira à Nazaré #5 (quarta)

Inês

Saímos do Baleal de manhã e fomos a Peniche comprar peixe fresco para o jantar. A última vez que estive em Peniche foi em 2019 mesmo antes de terminar a relação com o DC. Fico sempre com algum receiozinho em revisitar estes sítios mas estar com o R. faz-me sentir diferente e geograficamente diferente também. O receio nunca tem razão de ser. O R. cuida de mim, verdadeiramente. Por um lado isso quase que me irrita porque ele não me deixa fazer quase nada dentro da AC e ao fim de uns quantos dias isso chateia. Claro que é querido ser servida, cozinharem para nós, arrumarem as nossas coisas mas por outro também aponta todas as vezes em que não estamos a fazer nada. E não faço porque ele não deixa. E eu entendo em uma certa parte: a AC é dele, ele tem uma série de preocupações e manias que eu ainda não tenho e terei, mas irrita pegar em alguma coisa, pousar e ouvir logo "ui, isto está mesmo bem arrumado meninas inês". Fico mesmo com a etiqueta de desarrumada (que admito que sou) mas não gosto de rótulos. Por outro lado, dá sempre para rir e é uma forma de nos picarmos um ao outro. Mas faz-me sentir pouco adulta. Já tínhamos a diferença de idades para isso. Só reforça. Por outro lado, e apesar de parecer contraditório, essa é uma das razões pelas quais gosto tanto de estar com o R... porque em casa e no trabalho eu sou a adulta. Com ele não sou. Saem-me pesos de responsabilidade dos ombros sempre que estou com ele (e voltam quando chego ao norte). Às vezes sinto-me até jovem demais e quase que me envergonho mas na maior parte das vezes estamos simplesmente bem. E cada vez melhor. Nestas férias aproximamo-nos a níveis que ainda não tinha acontecido. Eu também estou mais carente e isso explica o porquê que estou tão próxima mas não consigo ignorar esse facto que para mim é tão claro e tão especial na minha vida ao qual só me posso agarrar que é quando estamos juntos eu me sentir simplesmente feliz. Sabe-me a liberdade, a verão, a calor, a facilidade, a areia, mar, aventura e juventude. O tempo passa sempre a correr. E eu sinto-me só bem. Ainda não aconteceu eu sentir-me mal com ele, apesar de tudo o que possa gostar menos. As expectativas também estão muito controladas (não há forma de não estarem) e isso ajuda claro.
De Peniche fomos para a Foz do Arelho. Almoçamos umas bifanas num snack bar lá à entrada, estacionamos a AC e fomos para a praia. A praia foi mais ou menos. É uma praia muito movimentada e isso não nos assiste muito. Fui à água. Quase adormecermos mas fomos interrompidos por crianças aos berros. Desistimos da praia e fomos para a AC preparar o jantar. O R. fez peixe grelhado e comemos na mesa cá fora pela primeira vez. Faltou-nos o carvão e tivemos que caminhar uns 30min até ao mini-mercado. Voltamos, banhos e jantar. O R. estava super orgulhoso do seu robalo grelhado e ele pica sempre por eu dizer apenas "está bom" como se fosse um elogio pequeno. E neste caso também por ter ido à beira dele, quando ele só tinha montado o fogareiro, e perguntado "ainda só fizeste isto? Não está nada pronto". Soa pior do o que foi mas a minha ideia de montar o fogareiro não era literalmente montar um fogareiro. Na verdade nem pensei no assunto então não percebi o que raio ele tinha feito em tanto tempo. E pronto, foi mais uma que ele aproveitou para gozar imenso com o meu tom bruto e seco (um bocado frequente na verdade) mas o que vale é que ele não levou nada a mal (nunca leva, felizmente) e só me ria e riamos juntos. (Na verdade, eu gostava de arranjar formas de o compensar por ser uma presença tão boa e positiva na minha vida mas é difícil). Depois picou porque eu como o peixe mesmo muito bem comido, só deixo mesmo as espinhas e ele ficou admirado: "nunca vi comerem peixe assim, nem um gato". Rimos muito sempre que lembramos esse episódio também. O R. faz-me rir muito. Isso também é felicidade.

02 de Agosto, 2022

Da Ericeira à Nazaré #4 (terça)

Inês

Acordamos no Baleal e fomos para a praia. Mais uma grande caminhada e depois corpo estendido ao sol. Continuava nublado e portanto não foi bem ao sol mas sim às nuvens. Deu para descansar. Almoçamos na praia ovos mexidos com salsichas e batatas fritas num tapperware. Que crianças felizes! O sol só deu de si eram já oito da noite. Podia ser pior. Voltamos para a AC e o R. preparou o jantar. Eram hambúrgueres com ovo estrelado e arroz. Soube-me muito bem. Depois de jantar tentamos ir caminhar um pouco mas estava vento. Voltamos para dentro e demos nos Beirões.

Neste dia, por causa de um daqueles momentos em que o cérebro congela e nos sentimos as pessoas mais idiotas do planeta, queimei-me no dedo. Logo a seguir a cozinhar, nem pensei e levantei a grelha do fogão assim só com os dedos. Ora, claro que foi uma ideia parva. E só deu mais razões ao R. para não me deixar mexer em mais nada.

01 de Agosto, 2022

Da Ericeira à Nazaré #3 (segunda)

Inês

Depois de Santa Cruz, deslocamo-nos de AC ligeiramente para norte. Mas antes, referir esta preciosidade que é acordar, abrir a AC e deslumbrar logo o mar diante dos olhos. Caminhar logo por ali, mesmo antes de fazer seja o que for. Há coisas que não têm preço. Precisávamos de levantar dinheiro (que foi um dos nossos dilemas na primeira noite pois não tínhamos como pagar os beirões e o senhor do bar não queria disponibilizar mbway) e isso foi difícil. As máquinas estavam todas sem cash. Lá encontramos numa terrinha e depois paramos na Praia de Santa Rita para uma caminhada. Caminhamos até à praia de Porto Novo e depois num passadiço que havia lá à beira: o Passadiço das Escarpas da Maceira. Esta infra-estrutura podia ter sido muito melhor aproveitada pois era à face da estrada em vez de ser junto à costa ou junto ao rio mas pronto. Depois disto, fomos mais para cima e almoçamos na Praia do Porto Dinheiro. Comi o resto do alho francês que sobrou do dia anterior e o R. comeu ("bebeu") gaspacho. Estava fresquinho e nublado e por isso continuamos para cima em busca de sol. Curioso porque esta foi a semana da vaga de calor em todo Portugal, mas na costa oeste não fez assim tanto calor. E, além disso, o céu esteve quase sempre nublado, com nuvens ou fumo dos incêndios. Finalmente, paramos no Baleal num parque de terra batida com praí sessenta caravanas. Bué famílias estrangeiras a viver em carrinhas, bebés, cães, cabelos loiros e pranchas de surf. Aquele ambiente mais hippie que me deixa a desejar ser tão livre quanto os vi ser. Um mundo e uma vida numa carrinha. Certamente que também terão problemas, totalmente invisíveis ao olhar alheio, mas olho e penso que a felicidade está ali. They know it better.
Este terceiro dia foi talvez o mais paradito. Fizemos mais kms (apesar que em toda esta viagem não fizemos muitos, apenas cerca de 70 kms, sobretudo quando comparado com os 300 kms que fizemos há dois anos em quatro dias) e não fizemos praia. No Baleal, o R. descansou a ver a volta de ciclismo e eu fui trabalhar um bocado. É chato trabalhar nas férias mas nem me importo se for dentro da AC. O chato é que é limitado e a bateria do pc esgota-se rápido. O jantar foi numa pizzaria do Baleal. Foi a primeira vez que fomos jantar fora os dois. A pizza não estava espetacular, muito menos a sangria, e o R. não parou de colocar defeitos. Ele é daqueles que adora cozinhar e raramente vai comer fora e quando vai põe defeitos em tudo. Eu sou precisamente o contrário. Não cozinho grande coisa e o que faço é porque tem que ser. Tudo o que me vem ter ao prato, sem eu ter mexido uma palha, já começa com saldo positivo. A conversa rodou à volta da guerra e de como os americanos é que "na realidade" são os grandes culpados. E isto leva-me a dois pontos. Primeiro, o R. fala muito e às vezes cansa-me. Depois, ele tem aquele veia comunista que eu aprecio bem (e adora o Che Guevara como o meu pai). Porém, para mim só há um responsável na guerra (aliás, tema que ainda me é tão sensível) e chama-se Rússia. Então entramos em mais um despique de opiniões. Aliás, é uma das coisas que caracteriza o nosso tempo e as nossas caminhadas. Além da diferença de gerações e de pernonalidades,  divergimos em vários outros temas sociais e sobre a vida em geral. Dá sempre conversas animadas e admito que ele dá luta. Mas tranquilo. Não há chatices nesta bolha. Acabamos de jantar e fomos dar uma caminhada pelo Baleal. Mais um Beirão e fomos para a AC que estava frio. Mais uns Beirões e desta vez (e pela primeira vez na minha vida) jogamos ao Verdade ou Consequência, versão adultos (ideia do R.). Muita brincadeira e no fim já não interessavam bem as regras. Acabou comigo a dar-lhe um final feliz fora da AC enquanto fumava, coisa que o R. disse nunca ter acontecido. Fomos para dentro e dormimos. Por me ter vindo o período, as brincadeiras para o meu lado foram muito limitadas o que até foi bom porque me deu espaço para construir confiança.