Fui ao psicólogo #2
Ontem fui à segunda sessão e para meu contentamento havia uma pastinha com os meus registos e ela lembrava-se do que tínhamos falado há duas semanas. Nesta hora de conversa focamos nas relações porque tive aquele episódio em que tudo pareceu que descambou com o R. Falamos sobre o facto de eu sentir que nestes momentos de "crise" volto à inês de há cinco anos o que é para mim das partes mais frustrantes. Noutra perspetiva, não volto bem a esse ponto, porque de alguma forma sou sempre uma versão melhorada do que já fui. Agora tenho consciência do que sinto, do que posso sentir e que sou capaz de também não sentir isso, e que há um caminho de volta apesar de ser um tanto ou quanto doloroso. Antes eu não sabia estas coisas, só sentia sem critério. Portanto, tenho que me lembrar que houve desenvolvimentos e não parei no tempo. Depois o que falamos muito e até é também uma nova perspetiva (que é exatamente o que procuro) é o aceitar, aceitar, aceitar. O que por um lado acho estúpido porque eu quero resolver problemas e não aceitar que tenho problemas. De um ponto de vista mais rudimentar, acho que esta estratégia de "aceitar" é só não resolver nada e, por um lado, ser o caminho mais fácil para os psicólogos. Ou talvez não e eu estou a ser demasiado linear e aceitar faz efetivamente parte dos processos. Aceitar que outra pessoa entrou na minha vida e que vai ocupar um espaço. Aceitar que é ok reajustar a minha vida e mudar planos para integrar esta pessoa e não me sentir culpada se o fizer e, além disso, que também é preciso um equilíbrio em todos estes reajustes. Que é normal eu querer muito fazer e acontecer, de procurar aquele bom dia e boa noite, de ir ver à quanto tempo esteve online e de às vezes ficar melindrada se não acontecer algo que eu esperava. Aceitar que é a vida ou os sentimentos a dizerem esta pessoa entrou na tua vida e tens que te adaptar a estas vontades. Aceitar estas vontades como uma parte do bom e do menos bom que é ter outra pessoa na nossa vida. Aceitar. Porque supostamente não estou a aceitar quando me repreendo constantemente ao achar que não devia sentir estas vontades (que eu chamava dependência e ela diz que são vontades), quando debato comigo própria por querer tanto, por me ter deixado ficar tão afetada com o desentendimento, por ter querido tanto manter a distância emocional e afinal num ápice foi do oito ao oitenta. Aceitar que é assim, que o muro caiu e não questionar tanto porquê que o muro caiu nem achar que não devia ter caído. E que o desentendimento, que foi o primeiro, ativou o alarme em mim para este impacto grande que o R. passou a ter na minha vida. Foi a demonstração da dimensão e agora sinto esta cena na maior parte dos dias em que a minha vida psssou a girar muito mais à volta dele do que antes. E era isso mesmo que eu queria resolver / eliminar. Isto não está certo nem é saudável. Mas once again, primeiro aceitar e só depois o resto.
Mas enfim, claramente ainda estou num estado muito embrionário destas sessões. Ontem senti-me bastante mais à vontade com ela e houve ali momentos mais típicos de psicólogo tipo aquelas perguntas que eles fazem para contrapôr um raciocínio ou trazer uma nova perspetiva. Mas honestamente, ali pretendo "resolver" certos problemas muito específicos e não há ainda o à vontade para expôr toda a verdade dos factos. Também tenho receio que ela, sabendo a realidade, me chame à razão para terminar a história com o R. e não quero isso portanto tomo a decisão deliberada de guardar certas partes para mim. Muitas partes na verdade. Ainda ontem, crashei um bocado durante a tarde num zig-zag mental porque no fds posso estar com ele, depois já não posso e hoje de manhã afinal ele diz que está a contar comigo. Marco e desmarco cenas no trabalho porque, lá está, de repente o meu foco é o R. e movo pequenos mundos para estar o máximo de tempo com ele. É esta complexidade que eu gostaria de não ter trazido para a relação nem para a minha vida. Mas, pior que isso, é que quando ele diz que afinal não vai dar, eu sinto logo a energia a descer e aquela tristeza a subir e aquele limbo fdd a dar mais sinais de instabilidade. E eish que recebo uma mensagem do DC (eu não tenho culpa em tudo, atenção). Pergunto-lhe se lhe posso ligar e falamos durante uns curtos dez minutos em que fico a saber que a outra acabou com ele na sexta passada. Foi dos únicos momentos em que fiquei com um tom sério e perguntei-lhe como estava. Porque estou sempre a mandar piadas, a brincar e a atiçar situações mas na realidade não lhe desejava assim tanto o insucesso da relação (talvez só um bocadinho). Terminamos a chamada com jantar marcado para amanhã e ele nem negou passar a noite em minha casa. Mais uma vez a vida a mostrar-me que nada nesta merda é linear. Ele é das pessoas que aparenta ser mais correta e depois vai-se a ver e a espinha dorsal curva-se muito (e ainda bem para mim porque com isto voltei a sentir-me naquela onda de bad bitch que é onde me sinto bem). Ou então é a vida, por algum motivo, a puxar-nos sempre um para o outro. Ou nós, com demasiado medo do mundo lá fora, a fazer-mos isto acontecer. Seja como for, sinto que são fios que me vão sendo lançados e tenho que ter sempre algum ou alguns na mão para me manter à tona. Eu pensava que sabia nadar mas secalhar não. Fica para a inês do futuro descobrir.