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Teenage Dirtbag

yound adult na tarefa árdua de tentar ser alguma coisa de jeito.

Teenage Dirtbag

yound adult na tarefa árdua de tentar ser alguma coisa de jeito.

30 de Janeiro, 2023

Thoughts on week 5

Inês

A semana passada passou-se bem. Foi diferente, sem dúvida. A minha mãe foi para Lisboa e eu dividi-me entre duas casas: a minha e a do meu pai. Não que eu tenha problemas em viver sozinha mas, na ausência da minha mãe e da fofi, surgiu a oportunidade de experimentar estar com o meu pai. Dormir lá, acordar, jantar e passar o tempo com eles. Já não vivia com o meu pai há dezasseis anos (momento do divórcio) e com a minha irmã nunca vivi. Por isso, encarei com algum entusiasmo esta possibilidade. E tem sido giro. Estou mais próxima deles e tenho a oportunidade de ser cuidada que é algo que sabe bem.

Noutra esfera, o R. tinha viagem marcada com a família para Itália. Obviamente faz-me um bocadinho de comichão e esforço-me muito para não pensar nessa situação. Acho engraçado a forma como eu consigo identificar aqueles pensamentos e dúvidas que são maus para uma relação (e sobretudo para mim) e vão criar confusão se os verbalizasse e ele simplesmente verbaliza tudo o que lhe vem à cabeça. Todas as inseguranças, questões, situações que desgosta, ainda que se apresse depois a corrigir, não tem problema em mostrar-se vulnerável. Acho que isso tem sido das maiores aprendizagens que tenho tido com o R. Eu sou toda teoria no que toca a relações saudáveis mas na realidade faço uma gestão interna significativa para manter certos muros levantados. Fica difícil definir se sou eu assim mesmo ou se sou eu no contexto desta relação mas efetivamente adotei completamente a postura de deixar que o R. abra portas no que toca à verbalização de sentimentos e só depois de ele o fazer é que eu coloco as minhas cartas em cima da mesa. Entendo que isto não é o mais certo mas, vistas as circunstâncias desiquilibradas em que estamos, parece-me a forma mais certa de estar para mim. Porém, e depois de o ver ser vulnerável e de se expôr, acompanho e a magia acontece. Então, desta vez, e na antecedência de ele viajar, expus-me e disse que isto me estava a deixar inquieta e que sentiria a sua falta se não me falasse durante os três dias. E ele disse que isso nunca iria acontecer e que inclusivamente iria fazer tudo para me ligar e na realidade nem senti falta nenhuma porque, de facto, ele cumpre e excede sempre. Esteve sempre lá. Também ocupei bastante o meu fim-de-semana para andar de um lado para o outro e assim sentir menos. Mas tinha medo que esta viagem os aproximasse mais e uma certa esperança maquiavélica que fosse a gota em cima de uma relação já acabada. Na realidade, ainda não sei exatamente o que foi mas pelo que parece e no que toca a mim estamos iguais ou melhores. Na sexta matamos saudades.

28 de Janeiro, 2023

Fui ao psicólogo #4

Inês

Esta semana fui novamente conversar com a psicóloga. Sentia-me bem e não havia nada que quisesse realmente abordar. Aliás esta consulta foi bastante espaçada da última e foi adiada pois iria calhar no dia em que a Fofinha partiu. Ela começou por aí e entendo a necessidade mas chutei logo o assunto para a minha mãe, pegando no facto de a perda da Fofinha ter um impacto muito maior na vida da minha mãe do que na minha própria e, isso sim, causar-me preocupação. Sinto que sofri bastante mais em cada crise passada no veterinário nos últimos dois anos. De certa forma até me sinto insensível por ter aceitado tão bem o desaparecimento da Fofi. Assim como, apesar de toda a preocupação, encarar de forma muito prática todos os contratempos e problemas de saúde da minha mãe. Por exemplo, neste momento ela está com uma anemia grave e eu ouço isto e permaneço igual. É grave? Haverá uma escala concerteza. Em tempos ouvi o PeterCastro dizer a nossa geração cresceu a ver desgraças e catástrofes na televisão. Foi ataque às torres gémeas, terrorismo, catástrofes naturais, pandemia agora recentemente, noticiários, filmes... tudo espetado nos olhos de crianças e jovens a moldar expectativas. Uma pessoa habitua-se à desgraça e molda-se. Torna-se dormente. Talvez insensível. Com sorte torna-se racional e prática. É a mesma história do lobo e do menino mentiroso (é assim?). Depois de tantas "urgências" e períodos negros, mais um problema, por muito alarmante que soa, já não tem impacto. E depois disto, ainda há culpa para sentir. Sentir culpa por não sentir nada. It's all fucked up. Mas enfim. Neste momento a minha mãe está em Lisboa na casa de uma amiga e o melhor sítio para melhorar. Em casa só acumula doenças e piora o seu estado de saúde. Não se governa e não se deixa governar. Lá, fica melhor e ficamos todos mais descansados.

Falamos quase hora e meia sobre ela e sobre possíveis futuros. Expus a forma como sinto que estou num possível momento de viragem. A Fofi era a cola que nos juntava. Sem Fofi há outras possibilidades. A minha mãe está cada vez mais débil e dependente. E, além da minha mãe, as minhas tias. Pela ordem natural das coisas eu seria o suporte delas, cada vez mais preciso e em cada vez mais áreas. Tornaria-me a cuidadora. E apesar de ser o papel mais natural para mim, quero fugir dele. Quero muito que a minha mãe esteja bem mas apesar de sentir que isso não é uma realidade possível, chegar lá não é uma realidade que eu aguente. Vejo isso de forma cada vez mais clara. E teria que me anular completamente e passar a minha vida para segundo plano (como a minha mãe fez com os pais dela tantas vezes). É nobre mas é um erro. Foi para ela e seria para mim. E eu aprendo com os erros da minha mãe. Não é uma realidade natural nem desejável. E a psicóloga ressalvou precisamente estes pontos, mas noutra abordagem até. Que eu não seria a pessoa adequada nem habilitada para tal e que há outros sítios seguros onde as necessidades são corretamente asseguradas e que a ideia de serem sítios maus tem que ser esclarecida e talvez introduzida devagarinho à minha mãe. Enfim parece-me uma realidade muuuito longínqua e mesmo impossível mas o que é certo é que este é o tempo de pensar no futuro e colocar todas as hipóteses em cima da mesa e de todas escolher a menos má. Pois não definir nada é ficar nas mãos da sorte ou do azar e tudo se pode tornar muito pior muito rapidamente. E apesar de me parecer muito doloroso pegar neste assunto, não o fazer é assinar a minha própria sentença e tendo a informação, o juízo e os recursos atuais, é o mais inteligente a fazer.

22 de Janeiro, 2023

Is it a love story? #7

Inês

For sure it is now. Já me chama namorada e por questões circunstanciais conheceu a minha mãe e o meu chefe (e não fosse um trabalho hoje, ontem teria conhecido toda a minha família). E acho engraçado como ele próprio sugere ser apresentado como o namorado. Só amigo não chega. Soa-me a demasiado rápido e isto não constava nos meus planos nem novos princípios de dating mas a vontade de estarmos juntos é tanta que nem me parece mal. Este fim-de-semana não tínhamos combinado nada e ele decidiu em cima da hora meter-se num autocarro e vir ter comigo. Seis horas de viagem para vinte e três horas juntos. Sendo que ainda há uma semana estivemos juntos. Uma pequena loucura que há uns meses nenhum de nós faria e agora aqui estamos juntos. Tenho pena de ser a outra mas este romance dá-me vida. E talvez seja isto que me mantém à tona. Isto e o exercício físico que não passo sem fazer e as quase sempre sete/oito horas que durmo. Acho que é a única forma de aguentar tanta coisa.

18 de Janeiro, 2023

"Eu estou bem"

Inês

Os últimos dias foram tão maus que nem sei como consigo dizer que estou bem. Mas digo. Uma sucessão de acontecimentos que me deixam, sobretudo, cansada. Além de triste. De tal ordem que o meu chefe na segunda de manhã perguntou logo o que se passava porque eu não parecia bem. E ao telefone, com colegas de trabalho, perguntavam se eu estava triste porque a voz assim o revelava. E penso no quão triste estarei porque estar triste para mim não é novidade. Fico triste muitas vezes (certamente pelo menos uma vez por mês). Questiono-me qual o meu limite, se estarei próxima ou afastada. Quanto aguento. Quantos sintomas do tal sistema nervoso irão continuar a aparecer (os tremores estão mais controlados apesar de continuarem a dar o ar de sua graça dez vez em quando; agora tenho a dermatite no rosto que é ainda pior e diz o médico que também está ligado ao sistema nervoso – parece-me a justificação mais fácil para dar hoje em dia em relação a todo e qualquer problema de saúde – e pior, acho que deve ser verdade).

Faz hoje seis dias que a Fofinha partiu. Lembro-me de na quinta-feira de manhã, depois de a ter levado às urgências às três da manhã, pensar como me preparar para o seu desaparecimento. Estava esperançosa que ainda não fosse desta. Já a vi muito mal e safou-se depois de uns tratamentos veterinários milagrosos e de muito amor. Desta vez não aguentou. Já aguentou muito. Bastaram dois ou três dias para o quadro clínico piorar muito e o corpo não resistiu. Dá-me algum alívio saber que não foi doença prolongada apesar de querer muito que ela durasse mais tempo. Mas pensava eu como iria reagir. É a minha terceira prova de fogo no que toca à morta no seio próximo. E esta talvez a mais desafiadora porque a Fofinha era o meu amor. O mais próximo de todos, sem dúvida. Mas eu sabia que já estava muito complicado. E imaginava como seria dizer às outras pessoas o que sucedera. Como se partilhar a notícia com terceiros fosse a preparação e aceitação do facto. Na quinta chorei muito e executei. Fui ao veterinário, decidi, peguei na Fofi e deixei-a a descansar no quintal do meu pai (o meu pai que é fantástico e está lá para todos os momentos complicados). Tento não pensar muito mas de vez em quando veem-me as imagens da fofi nos últimos momentos, ou a imagem dela já sem vida ou a imagem dela bem e feliz e quando brincava e então fraquejo e tento evitar pensar. De certa forma sinto que evitar pensar é mau da minha parte, como se não valorizasse a fofi de forma suficiente para me lembrar dela. Mas (e juro que nem aprecio muito) como diz uma senhora muito famosa, não me quero demorar na tristeza. Ou pelo menos, estou a tentar. Porque eu não quero estar triste. E esforço-me por imprimir nesta situação a naturalidade que lhe é intrínseca. Fiz tudo por ela em vida e sabia que o fim havia de chegar. Apesar de tudo, até tivermos sorte porque foi uma morte tranquila. Pensar na fofi e na falta que me faz deixa-me triste e não quero estar triste. Por isso, escolho avançar.

Para a minha mãe é mais difícil. Para ela não há naturalidade na morte. A fofi era a companhia de dia e noite da minha mãe. Mais do que pensar na perda foi pensar como a minha mãe reagiria à perda. Se esta seria a facada final da vida para uma mulher que já está no fundo do poço. A minha mãe é a minha maior preocupação. Não sei como melhorar a situação dela, como a fazer sentir melhor, como a puxar deste buraco sem fundo e com cada vez menos luz. Chora todas as noites, não tem força, passa os dias e noites a ver televisão deitada na cama. Tem sido verdadeiramente difícil.

Depois tenho o R. que é, para mim, indiscritível. Temo-nos tornado cada vez mais próximos e elevado os nossos sentimentos a outros níveis. Depois de na última semana juntos em dezembro, eu ter ouvido um “apetece-me dizer-te uma coisa mas vamos ficar pelo adoro-te”, e de numa chamada telefónica ele revelar que tem medo de me perder e que me volte apaixonar pelo DC e me diz “eu na cama da última vez disse amo-te mas não ouviste”, e do que aconteceu com a fofi, e de ficar a saber de todos os meus dramas familiares, mesmo com tudo isso, ele deu-me muito mais apoio do que alguma vez pedi, do que alguma vez pensei que fosse para mim, do que alguma vez achei que existisse. Para mim, que namorei com um DC que tinha uma forma de estar numa relação (vamos dizer assim) totalmente distinta, o R. é como se eu chegasse à praia depois de ter atravessado deserto e achar que praia é uma utopia. Depois de seis meses de muita aventura tornou-se sem dúvida numa grande história de amor em que já se usa a palavra “amo-te” e “amor” como toda a intenção. Palavras que eram tabu são agora soltas e sabem tão bem. E deixam o meu cérebro num grande emaranhado porque queremo-nos tanto, damo-nos tão bem e não podemos ser inteiramente um do outro. 

E isto tudo num fim-de-semana em que crashei por querer tudo. Quinta foi um dia totalmente inesperado, diferente, emocional e triste; sexta um dia algo animado por saber que o R. vinha e ia misturar o R. e a minha mãe (coisa que queria evitar a todo o custo mas, lá está, ou era assim ou não tinha o R. e ambos queríamos muito portanto assim foi); sexta à noite mesmo antes do jantar a minha mãe liga-me a dizer que tem de ir de urgência para o hospital, fomos e viemos; sábado aparentemente mais tranquilo mas durante o jantar tenho um desentendimento com o R. e logo a seguir a minha mãe liga-me a chorar a pedir para durante a noite eu ver se ela está a respirar porque não se sente bem (mas como é que é possível eu ficar bem depois disto?); domingo de manhã, últimas horas de amor (o possível porque nesta altura já estava complicado) e a minha mãe diz que temos que ir para o hospital novamente; depois o R. vai embora e aquele vazio tremendo apodera-se de mim como já vem sendo habitual. Discuto com a minha mãe porque, segundo ela, devia ter ido logo para o hospital sem pensar duas vezes. Um domingo de merda. Valeu a sexta e o sábado. Mas penso no absurdo desta situação de merda que criei por querer tudo. Cometi aqueles erros básicos mas a vida torna-se tão complicada que não consigo dar um passo, seja em que direção for, que estrago alguma coisa. Nada disto é fácil, tudo é complexo. Estar com o R. é uma sorte que me dá alento e felicidade. Cuidar da minha mãe é uma necessidade que me deixa frustrada, cansada e triste. Se esta é vida em que me calhou então abraço o absurdo e o constrangedor. Eu só quero é estar bem.

05 de Janeiro, 2023

2022 #2

Inês

Não era suposto voltar a escrever sobre o ano que passou porém estes primeiros dias de janeiro assim o obrigam (e não fosse uma das minhas tarefas "preferidas" pensar, pensar e pensar mais um bocadinho). Talvez possamos dividir a vida nas seguintes grandes esferas: família, amor e relações, carreira e dinheiro, amigos.

Ia eu na terça a caminho de casa do meu pai quando dou por mim a, uma vez mais, falar sozinha a simular uma conversa com a psicóloga acerca das minhas desventuras de amor. Até me emociono porque sempre que faço este exercício não consigo deixar de me emocionar (sabe-se lá porquê). Imagino que lhe revelo que estou apaixonada por uma pessoa indisponível mas que nunca me senti tão bem com alguém como agora; que apesar de tudo ainda dou voltas com o meu ex-namorado e que está tudo bem com isso; que neste momento preferia apaixonar-me novamente por ele porque ele sim está disponível mas nem consigo bem idealizar tal coisa. Enfim, aquele loop dos últimos meses. Há uns dias, em conversa com a minha colega Luísa que sabe apenas da existência de um indivíduo em Lisboa (nunca lhe chamei outra coisa) disse-me que surgiu numa conversa com outras colegas a questão se a inês teria ou não namorado e a Luísa confirmou que eu tinha (*facepalm*). Não é namorado mas para a Luísa claro que é porque ela é tão conservadora que não entende qualquer outra forma de relação. E diz-me ela assim "inês, é que ninguém imagina mesmo que tens alguém". Eu sei, Luísa, eu sei e ainda bem. Ninguém tem que imaginar seja o que for nem saber seja o que for. É uma cena minha apenas. Assim como o DC é uma cena só minha. Como o Lid foi também. Eu sou um caos mas interno. O que seria se as pessoas vissem o caos que sou.

Depois estou a jantar no meu pai e ele vem-me com um tom bastante incomum e diz-me simplesmente "falei com a tua mãe e ela não está bem, acho que devias dar-lhe mais atenção". Bem, mal ouvi isto senti-me logo a ferver por dentro e uma vez mais os olhos a brilhar. Não dou hipótese, levanto-me e digo que me vou embora. O meu pai pouco sabe do que se passa em minha casa e dou-lhe esse crédito mas começar uma conversa com esta premissa, para mim, que sinto a balança tão desiquilibrada foi um balde de água fria. Ele ficou logo apressado e pediu para falarmos. Falamos e expliquei-lhe o quão difícil tem sido viver e conviver com a minha mãe, a todos os níveis. Ouviu, calou-se e no fim só diz "não é uma situação fácil". Zero novidade aqui. Se fosse fácil, estava resolvido. Mas não é. E diz-me também que eu devia arranjar uma casa com renda mais baixa porque é um custo muito elevado para suportar. Eu sei mas três problemas: primeiro, não há casas mais baratas e por uma diferença de 50€/mês não vejo sentido em mudar para algo com muito menos condições; segundo, neste momento da vida eu gostava de mudar sim mas uma mudança diferente e que não representasse eu a viver com a minha mãe conforme últimos anos. Mudar para viver sozinha ou com alguém, começar uma vida, algo diferente que faça sentido. Agora submeter-me ao processo todos de mudar (que é horrível e já tive que lidar com tudo da última vez) para ficar simplesmente na mesma situação de vida? Não, obrigada. E terceiro, quase que aposto que mudava para uma casa mais barata, e ia-me aparecer uma despesa extra qualquer. É estranho mas eu aposto que isso acontecer, daí que também não sinto que vale a pena.

E do dinheiro, vem a carreira. Felizmente é das áreas mais tranquilas na minha vida. Estou simplesmente satisfeita, apesar de isto poder ser confundido com conformismo. Não é. Tenho inúmeras vantagens na minha situação laboral que contam muito para mim e, se há outras vertentes da vida que em comparação com os demais me fazem comichão, a competição do mercado laboral não é uma delas. Que se lixe se ganham mais do que eu. Eu já tenho batalhas suficientes. O ano passado acho que me deixei malandrar demasiado tempo. Não estava com motivação para fazer acontecer mas em dezembro e agora janeiro dei a volta a isso. Voltei a sentir-me com energia e a resolver problemas. A ter visão e implementar melhorias. E com gosto, que é o mais importante. Mas sei que preciso de empurrões às vezes e portanto dei conhecimento de alguns problemas ao chefe para ele andar em cima de mim e os resolvermos (é um move estranho quando toda a gente tenta não lhe passar info porque é um chato do caraças, mas vejo vantagens nisso para mim).

Quanto a amigos, as melhores de sempre mantém-se firmes na minha vida. São das melhores coisas. E infelizmente há pessoas que acabam por se afastar e em 2022 tive o afastamento de dois amigos grandes amigos. É daqueles afastamentos que acontecem e não os vemos bem a acontecer e depois quando olhamos já estão demasiado longe. E depois sabem-se coisas que minaram a relação e é pena porque deveriam ter sido conversadas logo mas, por algum motivo, não foram. É daquelas em que aposto que dizem que eu é que me afastei e eu digo que eles é que se afastaram. Enfim. Também faz parte e, depois  de alguns anos, há pessoas e relações que se esgotam. Não há mais para se oferecer, não há novidade, não há histórias novas para ouvir, não há evolução que justifique. É o que é. E por outro lado, reencontrei amigos do secundário com quem já não falava há anos. E o reencontro tem sido sólido. Um jantar aqui, um pequeno-almoço ali, um jogo acolá e é giro ver que a dinâmica só melhorou. São coisas que dão gosto à vida.

02 de Janeiro, 2023

2022

Inês

Em 2022:

- deixei de pôr açúcar no café de um dia para o outro
- apaixonei-me e desapaixonei-me
- voltei a apaixonar-me por outra pessoa e nunca na vida tinha amado desta forma, tão recíproca e intensa
- passei mais do metade do ano em overthinking
- vi ao vivo: Joana Marques, Guilherme Duarte, Sinel de Cordes, Dua Lipa, Maluma, Vitão e Arctic Monkeys
- fiz dezenas de viagens a Lisboa de autocarro e comboio, mais de 6000 kms
- gastei praticamente todos os dias das minhas férias com o R. e nunca imaginaria tal coisa no primeiro semestre do ano
- ouvi muito Artic, Billie, Ivandro, Rosalia, Vitão, Beyoncé e, claro, Shakira
- apanhei covid pela segunda vez e quase que aposto uma terceira, agora no final do ano

- vivi muitos dias cinzentos mas também dias com cor
- fui a duas feiras internacionais em trabalho, Paris e Madrid
- fui a Vigo e essa foi a única vez em que andei a passear no estrangeiro
- explorei a costa oeste até à Nazaré e o norte até Valença, passei a conhecer muito melhor Lisboa e o Seixal, Sesimbra, Meco e Setúbal
- não poupei praticamente dinheiro nenhum

- foi-me atribuído o carro da empresa (e o cartão da galp yey!)

- venci a procrastinação (embora tenha sido derrotada muitas mais vezes) e consegui que o meu Outlook profissional viesse a zeros (acreditem vitória!)
- reaprendi a respirar tanto no boxe como na meditação e nos pilates
- fiz várias formações: Inteligência Emocional, Espanhol e Nutrição (lol, esta ainda não conta porque não assisti a nenhuma das aulas)
- roí muito as unhas mas também consegui deixar de roer
- nasceu o Francisco!
- instalei e desinstalei o Tinder bueda vezes
- conheci pela primeira vez um rapaz com quem só falava online e outro do Tinder (não houve segundo date em ambos)
- fui a um motel e a um clube
- andei o verão todo de vestidos e saltos altos
- tive candidíase
- uma das melhores amigas teve um esgotamento nervoso
- tive as primeiras consultas de psicologia
- fui fiel ao blog, do início até ao fim

Olho para trás e não consigo definir se 2022 foi ou não um bom ano para mim. Não sou pessoa de estabelecer objetivos nem de listar os 12 desejos nem nada disso. Sou naturalmente desorganizada e planeio pouco as coisas. Muitas vezes corre-me mal. Noutras nem tanto. Talvez esteja com o espírito enviesado a escrever estas palavras (até porque já estou na parte do ciclo que não me favorece) mas reflito sobre os últimos doze meses e não consigo mesmo quantificar. Foram muito intensos. Estive triste muitas vezes mas também fui feliz outras tantas. E muitas mais do que eu imaginaria e até de formas e com pessoas que, em janeiro de 2022, não podia sequer pensar. - por isso é que não vale a pena planear nada, de facto. Em 2023 tudo pode acontecer. Muitas coisas boas e muitas coisas más. Há muitas portas abertas, vários cenários, várias pessoas, diversas possibilidades. Depois de tudo, e apesar de tudo, o que importa é o espírito. E esse é o meu único desejo. Conseguir ter o espírito certo.