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Teenage Dirtbag

yound adult na tarefa árdua de tentar ser alguma coisa de jeito.

Teenage Dirtbag

yound adult na tarefa árdua de tentar ser alguma coisa de jeito.

02 de Abril, 2023

Blue 4.0

Inês

Uma cara e um nome estão constantemente na minha cabeça.

E perguntas sobre de que vale este dia em que não estou contigo. O que estou aqui fazer. Se a vida se tornou apenas uma desculpa para estar contigo e cada dia sente-se como obstáculo a essa meta, questiono se vale a pena.

Embati de frente com a realidade das coisas. Mas será mesmo? Totalmente apaixonada pela pessoa errada. Meti-me num buraco enorme e caí na mesma ratoeira. Até podia ser pior se a outra parte não correspondesse. Mas não. Corresponde e tenho o amor. Mas, de mim para mim, caí outra vez naquilo que parece ser um poço.

Não sei quem é a Inês sem esta pessoa. Não sei o que ando aqui a fazer. Não sei o que fazia antes, como ocupava os meus dias e os meus fins-de-semana. Como sobrevivia sem as mensagens constantes e as chamadas diárias. Esqueci-me sobre quem é a Inês. Perdi-me. E com o peso dos 26 anos sobre a minha cabeça, a única mais valia é saber que já estive aqui antes e, de alguma forma, saí e deixei de estar.

Acho que me faltam objetivos também. Não tenho propósito no trabalho diário a não ser não parecer demasiado mal para os meus colegas. O trabalho flui sem grande entusiasmo. Os treinos três vezes por semana servem apenas para eu não perder a cabeça, mais ainda. E deito-me e faço tudo de novo no dia seguinte. Quando falta comida vou ao mercado gastar dinheiro. Como porque tenho fome e cozinho em esforço para tentar ser melhor pessoa. Vou à lavandaria porque já não tenho roupa limpa. Mas não sei qual é objetivo. Continuar vivo parece um propósito tão básico e vazio. Alegria de viver procura-se. Intensamente. Procuro nas séries e na música mas nada me apaixona. O sobrinho é um bebe amoroso mas não me fascina como fascina os outros.

Gostava de conseguir mimar os meus gatos novos mas eles não são a Fofinha e ainda não aceitam as minhas festinhas. E eu tenho tantas saudades da Fofinha. Mas tantas. Cuidar dela dava-me propósito. Ela era o meu amor. E já passaram dois meses desde que nunca mais lhe pude dar tocar e pegar ao colo e falar com ela. Tenho tantas saudades dela.

Tenho estado sozinha. A minha mãe em Lisboa semanas a fio e eu sozinha em casa. Em tempos ia adorar isto e agora detesto voltar para uma casa vazia.

Estou tão cansada.

Estou tão cansada que iniciei a toma da pílula ao fim de quatro anos e de muitas conversas a contestar aquela merda. E estou disposta a tentar a medicação necessária para me sentir melhor nestes dias. Sou outra pessoa. Uma pessoa infeliz. Tenho muito medo do que aquilo me vai fazer mas não posso continuar a sentir-me assim todos os meses. Estou a contar os dias bons, os médios e os maus. Experimentei esta semana uma nova psicóloga. Estou a alimentar-me e a fazer exercício. E a tomar a pílula na esperança que me traga controlo hormonal. Estou cansada e a contar os dias para estar contigo outra vez. Amanhã é segunda-feira. Já só faltam 14.