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Teenage Dirtbag

yound adult na tarefa árdua de tentar ser alguma coisa de jeito.

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07 de Junho, 2022

47.9

Inês

Este ano não está a ser fácil. Olhando para trás só posso concluir que aquele mergulho mal dado na primeira semana foi mesmo prelúdio. Fazendo retrospetiva dos últimos tempos, só encontro em 2019 um outro ano que se fez com grande esforço. Nesse ano, fui forçada a mudar de casa e a saúde da minha mãe deteriorou-se muito. Razões externas, portanto. Porém, foi também um ano de grande superação para mim como indivíduo. Tive que lidar com uma tempestade familiar, trabalhei bem, entreguei a tese e tive coragem para terminar a relação da minha vida. Foi um ano de alguns marcos. O verdadeiro desafio mas concluí. Por outro lado, este ano parece que tem uma névoa cinzenta escura em cima (apesar de ter tido algumas notícias extremamente boas como o meu sobrinho e o carro). Não são razões externas mas sim intrínsecas ao meu ser. Em 2020 e 2021 o sentimento de frustração, anestesia e life on hold era transversal a toda uma população. Por esse motivo, eu estava confortável. Se ninguém está a andar com a vida para a frente, então eu não me sinto culpada por a minha vida também não andar. Achei conforto e prazer em estar em casa, simplesmente a ver o tempo passar. Até nem bati muito mal. Depois chegamos a 2022 e a normalidade voltou. Até que veio a guerra e eu entrei numa crise existencial complicada. Os dias inteiros eram um constante questionamento. Penso que se na adolescência a procura é por descobrirmos quem somos, aos vinte e cinco só me questiono o que ando aqui a fazer e porque raio é que vim parar a este mundo. Qual o meu propósito. Ainda me questiono mas entretanto questões mais altas se levantaram. Quase tudo questões que me empurram um bocadito para baixo. O segredo é não parar para pensar apesar que esse também é um dos grandes males desta sociedade (relembrando aqui o grande Markl nas manhãs de hoje). Não tendo nada ou muito a ver, o que é certo é que hoje chego à balança e vejo o número 47.9. Eu não me lembro de pesar tão pouco. Tenho-me sentido muito confortável com o meu corpo. Perdi a barriguita desconfortável que tinha e coxas (estão a ver nas mulheres quando a parte interna das coxas se toca? as minhas tocavam há anos e agora não). Também perdi mamitas que nunca foram grandes e agora estão realmente pequenas. Deixei de ter uma cara redonda. Estou fixe e confortável com o que vejo mas cheguei até aqui da pior forma. É que não tenho vontade de comer, simplesmente. Quando o faço é mesmo porque a barriga já ronca ou me dói a cabela porque saltei alguma refeição. O exercício físico continua lá e é das partes da minha semana que mais adoro mas não tenho conseguido dar tudo porque não me preparo para tal. A minha alimentação está uma nódoa. Como pouco e a maior parte não é propriamente saudável. Eu tento mas passam uns dias e descarrila logo. Não tenho vontade de comer, não tenho apetite, não gosto de cozinhar, não tenho uma mãe que me prepara as refeições, não tenho vontade de ir às compras. Comer é literalmente uma task e como tantas outras, adio até mais não. Sei que tenho que dar a volta a isto. Já tive a ver empresas que entregam comida ao domícilio ou até em contratar uma nutricionista a ver se ganho disciplina. Mas não me parece que vá resolver o meu problema. Enfim, não sei bem qual o problema. Uma inércia geral. Mas no geral há dias em que me sinto muito bem-disposta. Hoje por exemplo foi um desses. Pela primeira vez fui sozinha a um fornecedor falar sobre produto. Fui só confirmar cores, é um facto. Nada de especial mas fui. Estava sol, coloquei os óculos e gostei muito de ouvir Antena 3 e imensas bandas que desconhecia. Não é que me tenha dado fome mas deu-me razões para comer. E hoje começo uma formação sobre Inteligência Emocional. A primeira formação em dois anos. Ainda por cima sobre um tema tão essencial como este. Como ser mais feliz, começa a formadora.