9 dias de autocaravana de Lisboa a Portimão #2
O segundo dia começou com na praia da Comporta. Estava ventoso e pouco convidativo a abancar, portanto, a visita foi rápida. Seguimos para sul e paramos em São Torpes onde almoçamos no bar da praia e fizemos praia. E que boa praia! A água estava demasiado fria para mim, portanto, só apanhei sol mas para a C. estava boa o suficiente e portanto foi bonito ver ela a aproveitar dentro de água.
Conheci a C., juntamente com a J., nas primeiras semanas de universidade. Foi e é daquelas amizades que nasceu na praxe e ficou para a vida. Já lá vão sete anos. Vivíamos em residências, todas em blocos diferentes mas é como se vivêssemos todas juntas. Apenas os quartos eram distintos, tudo o resto era partilhado e até muitas vezes dormimos juntas só porque sim. Fomos de Erasmus e aí até partilhamos o quarto. Entretanto, mudamos de Universidade para fazer o mestrado e separamo-nos nos cursos. Cada uma começou a trabalhar no seu sítio e deixamos de viver juntas, nem sequer na mesma cidade. Apesar de tudo isso, contínuamos a ser as best friends umas das outras. A ligação não cai nem esmorece. Só evolui. Ter a amizade da C. e da J. é das maiores sortes que tenho e é algo de que me orgulho imenso (até porque já perdi algumas amizades que não resistiram ao passar do tempo). Temos muita paciência umas para as outras, nunca nos chateámos, raramente discutimos, às vezes podemos mandar uma boca ou outra mas a nossa amizade é sedimentada na base do riso, das piadas, da partilha de experiências e de momentos. Na universidade partilhámos os estudos sem fim, as refeições todas, as viagens de comboio, as bebedeiras, as praxes, as conversas sem nexo, as danças, as caminhadas... Tanta coisa! Com o avançar do tempo, as coisas vão mudando. Agora já não são estudos nem noitadas mas sim jantares, conversas, copos de vinho e dilemas. Acho que uma das coisas que nos liga é o contexto familiar do qual cada uma de nós vem. Nenhum contexto é fácil e conforme o tempo vai passando o top de "pior" situação familiar para resolver vai alternando. Ouvimo-nos, respeitamo-nos, desabafamos e creio sermos a distração e o entretenimento certo para cada uma de nós poder estar mais leve. Pelo menos, eu sei que elas o são para mim e estes dias também foram a prova disso. E vi que elas também estiveram bem e aproveitaram. A J. mais que a C. A C. tem ali grandes questões para resolver, não conseguiu descolar totalmente dos problemas que lhe enchem a cabeça. É difícil e há momentos em que não há muito a dizer. Sinto até que a C. este ano teve mais pressa em marcar estas férias para evitar que, mais tarde, algo acontecesse que a fizesse desistir dos planos. Ou a pressão do trabalho ou outra coisa qualquer que se sobrepusesse à vontade de tirar uma semana connosco e/ou uma semana de qualquer tipo de férias (se não estivesse algo efetivamente marcado e pago).
Após São Torpes, fomos até ao Intermarché de Sines onde pudemos trocar as águas da AC e fazer compras. A J. cozinhou bacalhau à brás e vimos vídeos no Youtube, sentimo-nos em casa. Pernoitámos lá, juntamente com praí outras quinze ou vinte ACs. À parte do barulho dos equipamentos, foi uma noite bem dormida.