9 dias de autocaravana de Lisboa a Portimão #8
Quase no fim, o oitavo dia foi também daqueles em que fizémos menos kms, pois não saímos de Porto Covo. Começou com uns mergulhos na Praia dos Buizinhos. A água estava boa e este deve ter sido dos poucos dias em que acordámos, tomamos o pequeno-almoço e fomos logo para a praia. Conversamos muito sobre as nossas realidades familiares, como já é normal. Partilhámos medos, ideias e perspetivas. Na hora de almoço, saímos da praia e procuramos um restaurante onde pudéssemos comer algum marisco. Seria a primeira vez nesta viagem e pareceu-nos adequado provar os pratos típicos da região. Todos os restaurantes tinham fila portanto aguardamos um pouco. Já na mesa pedimos uma garrafa de vinho e quatro entradas diferentes, nenhum prato principal. Paté de sapateira em pão torrado, camarões fritos, ameijõas à bolhão pato e salada de polvo. Apesar de serem quatro diferentes, eram apenas entradas e portanto a quantidade escassiava. Fomos pedindo pão para ir comendo com os molhos que só por si são muito bons. Por fim, e apesar de já estarmos muito cheias (e levemente tocadas), pedimos sobremesas porque havia mousse de oreo e é impossível resistir. Pagamos uma conta jeitosa (vinte e tal cada uma) e só penso "ainda bem que só pedimos entradas". Já sabíamos que seria uma refeição mais dispendiosa e foi também das mais deliciosas e que concerteza ficará na memória. Estando cheias e a precisar de descansar, fomos para a Praia do Banho. O mar estava bravo e portanto nem fomos à água, mas descansamos e todas dormimos uma sesta. Já ao final da tarde, voltamos para a AC para ir à Praia da Samoqueira que estava nos nossos guardados para visitar. Esta praia é mesmo perto de Porto Covo pelo que chegamos lá num instante. E é linda. Um grande areal e grandes rochas a emoldurar o mar. E, incrivelmente, o estacionamento não estava proibido a ACs, portanto estavam lá algumas. Paramos e fomos para a praia jogar um pouco de raquetes e ver o pôr-do-sol. Foi lindo. Fiz uma videochamada com a minha mãe para lhe mostrar a praia e pôr-do-sol. Foi realmente dos sítios mais bonitos e, com sorte, das últimas paragens. Um bonito fim de dia. Depois, subimos e tiramos umas fotos para a posteridade. O cenário com a AC era também um dos melhores: na arriba com o céu lusco-fusco atrás, a AC em grande plano e nós as três. De facto, correu bastante bem esta ser das últimas paragens. Quando estávamos a arrumar para vir embora (o plano era ir até Sines ou Melides para assim fazer mais caminho para norte), reparei que muitas ACs iriam ficar ali a pernoitar. Falei com um vizinho que me disse que ali não havia problema em pernoitar, no máximo a GNR passava e mandava o pessoal todo embora (porque é ilegal pernoitar naquela região na zona costeira). Era a última noite, já era de noite e mais uma vez pensei no raio do destino que nos ofereceu a Praia da Samoqueira como última paragem antes do grande regresso, com um estacionamento à beira-mar mesmo a pedir para ficarmos como ainda não tinha acontecido antes. Achei que era perfeito e decidimos ficar. Ainda fomos à vila descarregar as águas sujas e comprar água e pão para jantarmos (ahahahah, que pobres). Estacionadas, fomos aos banhos e ao jantar. Entretanto, eu fui fazer amizade com o nosso vizinho. Gosto sempre de falar com os estranhos que se cruzam no meu caminho. Ou que encostam ao lado. Turns out, é pai de dois filhos (com quem estava a viajar) trabalhou muitos anos em Espanha e faz a costa algarvia e alentejana todos os anos com os filhos. Deu-me algumas indicações sobre sítios a visitar em Espanha e no geral foi uma boa conversa. Depois fui para dentro e não voltei a sair, com pena porque no dia seguinte ele disse que durante a noite houve uma chuva de estrelas melhor ainda que a anterior. A noite foi das piores, talvez por ser a última, mas sobretudo porque fiquei muito insegura e nervosa com o sítio onde estacionei. Ora ouvia barulhos de motores (imaginários), ora previa que um qualquer carro me desse um choque por trás e a nossa AC fosse ribanceira abaixo, ora imaginava que a GNR aparecesse e me fizesse sair a altas horas da madrugada e com o nervosismo e pouca luz, eu fizesse alguma asneira a manobrar a AC. Muita coisa me passava pela cabeça e, portanto, não dormi. Até acordei durante a noite apreensiva, levantei-me e vim para o sítio do condutor verificar se se passava algo estranho. Ainda na cama, até me levantei com força e sem pensar e bati com a cabeça no cimo da AC. O incidente até acordou a C. que dormia ao meu lado e só perguntou "então, o que se passa?". Apesar da noite muito mal dormida, este deu um episódio muito engraçado para relembrar.