Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Teenage Dirtbag

yound adult na tarefa árdua de tentar ser alguma coisa de jeito.

Teenage Dirtbag

yound adult na tarefa árdua de tentar ser alguma coisa de jeito.

22 de Agosto, 2021

9 dias de autocaravana de Lisboa a Portimão #8

Inês

Quase no fim, o oitavo dia foi também daqueles em que fizémos menos kms, pois não saímos de Porto Covo. Começou com uns mergulhos na Praia dos Buizinhos. A água estava boa e este deve ter sido dos poucos dias em que acordámos, tomamos o pequeno-almoço e fomos logo para a praia. Conversamos muito sobre as nossas realidades familiares, como já é normal. Partilhámos medos, ideias e perspetivas. Na hora de almoço, saímos da praia e procuramos um restaurante onde pudéssemos comer algum marisco. Seria a primeira vez nesta viagem e pareceu-nos adequado provar os pratos típicos da região. Todos os restaurantes tinham fila portanto aguardamos um pouco. Já na mesa pedimos uma garrafa de vinho e quatro entradas diferentes, nenhum prato principal. Paté de sapateira em pão torrado, camarões fritos, ameijõas à bolhão pato e salada de polvo. Apesar de serem quatro diferentes, eram apenas entradas e portanto a quantidade escassiava. Fomos pedindo pão para ir comendo com os molhos que só por si são muito bons. Por fim, e apesar de já estarmos muito cheias (e levemente tocadas), pedimos sobremesas porque havia mousse de oreo e é impossível resistir. Pagamos uma conta jeitosa (vinte e tal cada uma) e só penso "ainda bem que só pedimos entradas". Já sabíamos que seria uma refeição mais dispendiosa e foi também das mais deliciosas e que concerteza ficará na memória. Estando cheias e a precisar de descansar, fomos para a Praia do Banho. O mar estava bravo e portanto nem fomos à água, mas descansamos e todas dormimos uma sesta. Já ao final da tarde, voltamos para a AC para ir à Praia da Samoqueira que estava nos nossos guardados para visitar. Esta praia é mesmo perto de Porto Covo pelo que chegamos lá num instante. E é linda. Um grande areal e grandes rochas a emoldurar o mar. E, incrivelmente, o estacionamento não estava proibido a ACs, portanto estavam lá algumas. Paramos e fomos para a praia jogar um pouco de raquetes e ver o pôr-do-sol. Foi lindo. Fiz uma videochamada com a minha mãe para lhe mostrar a praia e pôr-do-sol. Foi realmente dos sítios mais bonitos e, com sorte, das últimas paragens. Um bonito fim de dia. Depois, subimos e tiramos umas fotos para a posteridade. O cenário com a AC era também um dos melhores: na arriba com o céu lusco-fusco atrás, a AC em grande plano e nós as três. De facto, correu bastante bem esta ser das últimas paragens. Quando estávamos a arrumar para vir embora (o plano era ir até Sines ou Melides para assim fazer mais caminho para norte), reparei que muitas ACs iriam ficar ali a pernoitar. Falei com um vizinho que me disse que ali não havia problema em pernoitar, no máximo a GNR passava e mandava o pessoal todo embora (porque é ilegal pernoitar naquela região na zona costeira). Era a última noite, já era de noite e mais uma vez pensei no raio do destino que nos ofereceu a Praia da Samoqueira como última paragem antes do grande regresso, com um estacionamento à beira-mar mesmo a pedir para ficarmos como ainda não tinha acontecido antes. Achei que era perfeito e decidimos ficar. Ainda fomos à vila descarregar as águas sujas e comprar água e pão para jantarmos (ahahahah, que pobres). Estacionadas, fomos aos banhos e ao jantar. Entretanto, eu fui fazer amizade com o nosso vizinho. Gosto sempre de falar com os estranhos que se cruzam no meu caminho. Ou que encostam ao lado. Turns out, é pai de dois filhos (com quem estava a viajar) trabalhou muitos anos em Espanha e faz a costa algarvia e alentejana todos os anos com os filhos. Deu-me algumas indicações sobre sítios a visitar em Espanha e no geral foi uma boa conversa. Depois fui para dentro e não voltei a sair, com pena porque no dia seguinte ele disse que durante a noite houve uma chuva de estrelas melhor ainda que a anterior. A noite foi das piores, talvez por ser a última, mas sobretudo porque fiquei muito insegura e nervosa com o sítio onde estacionei. Ora ouvia barulhos de motores (imaginários), ora previa que um qualquer carro me desse um choque por trás e a nossa AC fosse ribanceira abaixo, ora imaginava que a GNR aparecesse e me fizesse sair a altas horas da madrugada e com o nervosismo e pouca luz, eu fizesse alguma asneira a manobrar a AC. Muita coisa me passava pela cabeça e, portanto, não dormi. Até acordei durante a noite apreensiva, levantei-me e vim para o sítio do condutor verificar se se passava algo estranho. Ainda na cama, até me levantei com força e sem pensar e bati com a cabeça no cimo da AC. O incidente até acordou a C. que dormia ao meu lado e só perguntou "então, o que se passa?". Apesar da noite muito mal dormida, este deu um episódio muito engraçado para relembrar.