As voltas que a vida dá
Comecei a trabalhar em 2017 e rapidamente me vi parte do autoproclamado Grupo da Cantina. Éramos aqueles que almoçavam todos os dias, religiosamente, na cantina da empresa e como éramos poucos - só seis pessoas - ficámos próximos. Éramos amigos, sobretudo três de nós que partilhávamos a mesma faixa etária e alguns interesses. Os restantes colegas da empresa (todos bastante mais velhos) gozavam um pouco connosco porque passávamos as horas a rir e dávamo-nos muito bem (talvez demasiado bem para o workplace). Éramos os happy fools, literalmente, daquela empresa. A nossa cumplicidade e empatia era, de facto, muito boa. Depois os anos passaram (embora não pareça porque o covid nos roubou dois anos num piscar de olhos) e foram entrando pessoas e saindo outras... Saiu a Deb porque se fartou e quis mudar de vida (e mudou!), depois saiu a D. Maria para a reforma. Entretanto entrou a Sil. que também já saiu porque arranjou melhor e nos últimos meses fomos presentados pelo Nu. e a R.. Mas agora saiu o Ser. e esta saída custa mais. Porque o Ser. entrou praticamente ao mesmo tempo que eu e que a Ju e nós os três éramos um núcleo. Apesar que nos últimos meses eu estive mais afastada porque tive maior necessidade de almoçar em casa e o covid também nos retirou muito do tempo que partilhávamos em conjunto. E nos últimos tempos tanto que mudou! Entrou muita gente nova, mudaram-se gabinetes, mudaram-se funções... Somos levadas mais a sério mas realmente perdemos muitas das graças que tínhamos. A saída do Ser. deixa-me realmente com pena, sobretudo, pela forma como foi feita. Quero acreditar que ele também o quis. E depois porque o núcleo se quebra desta forma. Acabou-se o JIS. Já sei como isto funciona. É muito bonito dizer que as amizades se mantém fora da empresa mas já conheço a realidade e, sobretudo, a minha realidade e deixando de haver tema no dia-a-dia, já não vai haver nada para manter a conversa. Haverão outros colegas a entrar, outros grupos de whatsapp a serem criados. E tu Ju, terás lugar na empresa enquanto quiseres. Surpreendentemente para mim e para muitos, eu não me vejo a sair (mas bem, esta saída abrupta só prova que não há mesmo garantias para ninguém) e também não te vejo a sair. Talvez daqui a uns anos. Talvez. Até lá, o JIS passa a JI. A tríade passa a parelha. Mais afastada do que outrora mas prometendo a aproximação. Porque a vida é assim e em quase cinco anos já cabem alguns ciclos. E agora começa um novo, para todos.
E é bom ver que para todos os invernos há um início de primavera que lhe segue. Uma forma bonita de o planeta dar sentido à vida.
Sol, sonos tranquilos e Harry Styles. Curiosamente, com um "as it was" bem apropriado ao feeling desta semana.