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Teenage Dirtbag

yound adult na tarefa árdua de tentar ser alguma coisa de jeito.

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01 de Agosto, 2022

Da Ericeira à Nazaré #3 (segunda)

Inês

Depois de Santa Cruz, deslocamo-nos de AC ligeiramente para norte. Mas antes, referir esta preciosidade que é acordar, abrir a AC e deslumbrar logo o mar diante dos olhos. Caminhar logo por ali, mesmo antes de fazer seja o que for. Há coisas que não têm preço. Precisávamos de levantar dinheiro (que foi um dos nossos dilemas na primeira noite pois não tínhamos como pagar os beirões e o senhor do bar não queria disponibilizar mbway) e isso foi difícil. As máquinas estavam todas sem cash. Lá encontramos numa terrinha e depois paramos na Praia de Santa Rita para uma caminhada. Caminhamos até à praia de Porto Novo e depois num passadiço que havia lá à beira: o Passadiço das Escarpas da Maceira. Esta infra-estrutura podia ter sido muito melhor aproveitada pois era à face da estrada em vez de ser junto à costa ou junto ao rio mas pronto. Depois disto, fomos mais para cima e almoçamos na Praia do Porto Dinheiro. Comi o resto do alho francês que sobrou do dia anterior e o R. comeu ("bebeu") gaspacho. Estava fresquinho e nublado e por isso continuamos para cima em busca de sol. Curioso porque esta foi a semana da vaga de calor em todo Portugal, mas na costa oeste não fez assim tanto calor. E, além disso, o céu esteve quase sempre nublado, com nuvens ou fumo dos incêndios. Finalmente, paramos no Baleal num parque de terra batida com praí sessenta caravanas. Bué famílias estrangeiras a viver em carrinhas, bebés, cães, cabelos loiros e pranchas de surf. Aquele ambiente mais hippie que me deixa a desejar ser tão livre quanto os vi ser. Um mundo e uma vida numa carrinha. Certamente que também terão problemas, totalmente invisíveis ao olhar alheio, mas olho e penso que a felicidade está ali. They know it better.
Este terceiro dia foi talvez o mais paradito. Fizemos mais kms (apesar que em toda esta viagem não fizemos muitos, apenas cerca de 70 kms, sobretudo quando comparado com os 300 kms que fizemos há dois anos em quatro dias) e não fizemos praia. No Baleal, o R. descansou a ver a volta de ciclismo e eu fui trabalhar um bocado. É chato trabalhar nas férias mas nem me importo se for dentro da AC. O chato é que é limitado e a bateria do pc esgota-se rápido. O jantar foi numa pizzaria do Baleal. Foi a primeira vez que fomos jantar fora os dois. A pizza não estava espetacular, muito menos a sangria, e o R. não parou de colocar defeitos. Ele é daqueles que adora cozinhar e raramente vai comer fora e quando vai põe defeitos em tudo. Eu sou precisamente o contrário. Não cozinho grande coisa e o que faço é porque tem que ser. Tudo o que me vem ter ao prato, sem eu ter mexido uma palha, já começa com saldo positivo. A conversa rodou à volta da guerra e de como os americanos é que "na realidade" são os grandes culpados. E isto leva-me a dois pontos. Primeiro, o R. fala muito e às vezes cansa-me. Depois, ele tem aquele veia comunista que eu aprecio bem (e adora o Che Guevara como o meu pai). Porém, para mim só há um responsável na guerra (aliás, tema que ainda me é tão sensível) e chama-se Rússia. Então entramos em mais um despique de opiniões. Aliás, é uma das coisas que caracteriza o nosso tempo e as nossas caminhadas. Além da diferença de gerações e de pernonalidades,  divergimos em vários outros temas sociais e sobre a vida em geral. Dá sempre conversas animadas e admito que ele dá luta. Mas tranquilo. Não há chatices nesta bolha. Acabamos de jantar e fomos dar uma caminhada pelo Baleal. Mais um Beirão e fomos para a AC que estava frio. Mais uns Beirões e desta vez (e pela primeira vez na minha vida) jogamos ao Verdade ou Consequência, versão adultos (ideia do R.). Muita brincadeira e no fim já não interessavam bem as regras. Acabou comigo a dar-lhe um final feliz fora da AC enquanto fumava, coisa que o R. disse nunca ter acontecido. Fomos para dentro e dormimos. Por me ter vindo o período, as brincadeiras para o meu lado foram muito limitadas o que até foi bom porque me deu espaço para construir confiança.