Deixar Ir
Ontem foi um dia triste e hoje também. Só penso no quanto gostaria de te ter, de viver contigo, de partilhar o dia-a-dia simples. Foi aquilo que ficou por fazer entre nós. Por tentar. Viver juntos finalmente. Houve uma altura em que o quis muito e podia completamente e tu não. E depois tu querias e podias e eu não. E agora ainda não. E parece-me louca a ideia de partilhar o T3 contigo, a minha mãe e a minha gata mas é uma louca ideia que não me tem saído da cabeça. Não sei o que a vida me reserva. Se estou a desperdiçar o mais próximo que tirei de felicidade em deixar-te ir. Tenho muito medo de nunca mais conhecer alguém apesar de não ter medo de estar sozinha. É contraditório, eu sei, mas acho que estou a sofrer de um pico de pressão social e comparativa em relação a ti imposta por mim própria. De repente só quero ter alguém. Parece-me tão difícil ter que conhecer alguém do zero, passar por todos aqueles desafios até ter confiança para ser e estar à vontade. Contigo já tinha tudo isso. Faz-me lembrar quando apresentei a carta de demissão lá na empresa e depois o chefe passado uma semana presenteou-me com condições que nunca imaginei possíveis naquele sítio. E voltei atrás, aceitando ficar porque o que eu procurava fora, de repente estava ali para mim. É mais ou menos o mesmo contigo mas muito mais complexo. E independentemente de eu saber ou não que te quero novamente (que não sei), não tenho o direito de voltar a criar-te um dilema. Tenho que te deixar ir, com quem quiseres e ao ritmo que quiseres. Mas custa. Custou ouvir-te ontem. Mandaste uma mensagem a dizer que querias falar comigo e do nada fiquei uma pilha. Coração a palpitar, transpiração, nervos. Pensei que tivesses sentido o mesmo que eu e não parasses de pensar em terça. Mas não. Aparentemente sou apenas a pessoa com quem tens maior confiança para dizer que finalmente estiveste sexualmente com outra pessoa e agora não sabes que tipo de abordagem ter com a rapariga. Que btw, nem sequer é a que me tinhas falado! (E o burro fez sem proteção o que já me lixou a via verde para situações futuras, enfim..). Querias a minha opinião, dei-ta e até pareceu útil. Mas não aguentei e tive que pôr as minhas cartas em cima da mesa. Disse-te que não tinha parado de pensar em ti, que tinha sentido tudo outra vez, que sabia que não era justo da minha parte e que te desejava o melhor, que não tivesses pressa, que deixasses todas as portas abertas. Isto entre lágrimas claro, não fosse a puta da TPM que me faz estar com as emoções todas à flor da pele. Foste solidário mas informaste que tinhas posto um bloqueio. Afinal de contas eu não sou de fiar. Hoje é azul, amanhã o amarelo. É legítimo. Terminamos a conversa em bons termos, prometendo voltar a falar porque hey somos amigos e daqueles que se conhecem mesmo bem.