Is it a love story? #8
Uma vez mais R. Gosto de escrever sobre isso porque, gosto de ler estados de espírito antigos e ajuda-me a organizar pensamentos. A minha relação com o R. tem evoluído de semana para semana. Aliás, foi conhecendo diferentes fases. Julho e agosto foram os meses do reencontro e quando nos apaixonamos um pelo outro. Setembro, outubro e novembro, uma fase talvez mais complicada (para ambos). Tivemos muitas oportunidades de estarmos juntos e isso nem sempre foi bom. Em primeiro lugar, conhecemos partes um do outro que não gostamos tanto e entramos algumas vezes em conflito. Em segundo, os sentimentos de parte a parte foram crescendo e com isso a coisa tornou-se, simplesmente, mais complexa. Mais inseguranças à vista, mais situações em que nos avaliávamos mutuamente e em que questionávamos tudo. Dezembro, e depois do Natal e de festas familiares, trouxe uma elevação do nível de comprometimento de cada um e da sua verbalização. Janeiro tem sido uma mudança exponencial, nesse sentido. De lovers a namorados (e já oficiais para certas pessoas). Ainda esta semana o R. me disse para começarmos a marcar as férias grandes porque quer ir a Marrocos e quer ir comigo. Isto depois de ter ido três dias de viagem com a família (qual família feliz) para Itália. Veio cheio de vontades. Eu sabia que isto de ir de férias com a família podia servir para os aproximar ou para os afastar. Até ver, serviu para ele querer ainda mais estar comigo e fazer planos diferentes em conjunto, o que me deixa feliz apesar de me obrigar a um trabalho interno de gestão de espectativas gigante. E já lho disse. Porque ele repete várias vezes: vamos fazer isto e aquilo como se pudéssemos fazer tudo o que nos dá na cabeça, e eu é que o tenho que puxar à terra. Ele lá entende. Mas meia volta, e voltamos ao mesmo. A minha queda pode ser muito grande, admito isso. Nunca estive nesta situação de ter um namorado tão atencioso, tão francamente querido, com tanta intensidade e vontade de fazer acontecer. Uma pessoa que dá mais do que eu na relação porque eu limito aquilo que dou, apesar de querer dar tanto ou mais. E de desejar ouvir que ele passa a ser só meu. Parte de mim, tem receio também que isto seja só passageiro e eu esteja iludida ou carente e que eu própria falhe naquilo que devo dar. No esforço que é exigido para uma relação longa resultar. Não confio inteiramente em mim. Mas fica altamente difícil quando a outra pessoa é mil vezes pior que eu e deixa-se sonhar tão alto. A recomendação geral é viver o momento e é isso que estou a fazer sem pensar no amanhã, em responsabilidades, regras e conceitos. É aproveitar enquanto dá e tudo o que dá. Mas é cada vez mais difícil manter os pés assentes na terra. Pensamos igual, ao mesmo tempo, as mesmas palavras, temos as mesmas ideias, os mesmos planos e "sonhos". Estamos na mesma página, no mesmo parágrafo e na mesma linha. Vivemos com a mesma intensidade, sentimos igual. Temos tantas semelhantes e estamos numa bolha de amor tão grande que não consigo evitar pensar quando rebentará ou, num cenário hipotético, se é desta que não rebenta. Apesar de todas as imperfeições, esta forma de amar é por si só incrível e não acredito que haja por aí no futuro um amor melhor que este.