Lixo-me quando...
Percebo que afinal não me consigo interessar pelos dois. Ou talvez simplesmente esteja novamente com a chama apagada por ti. Já tínhamos falado que isto do amor (ou afins) é de ciclos e eu paro uns meses lá em cima e outros tantos cá em baixo. Sei que não é justo para ti. Não é justo mas eu também não minto. Tu queres mais e eu não e tu sabes disso. Queres sempre mais um jantar ou um fim-de-semana e o meu interesse é zero e, sinto-me meio culpada porque devia querer, vou e depois não consigo fingir que até no meu sofá sozinha eu preferia estar. Não consigo fingir. Sou tão má a fingir. Já o ano passado isto aconteceu, curiosamente, na mesma altura. Será que aconteceria de qualquer forma mesmo se o Lid não se tivesse atravessado no meu caminho? Ou será que inconscientemente o meu interesse se acumula nele e não resta nada para ti? Porque para ele eu vou a correr. A vontade de estar está bem presente. Eu dizia em outubro de 2020 que ter uma pessoa nova não alteraria os sentimentos que tinha pela outra. Dizia também que tu me bastavas, estranho à epoca. Desconfiava até que pudesse durar. Acertei. Resta saber a origem mas talvez a origem nem seja o importante. Eu conheço-me. Estarei mesmo condenada? Manter o interesse numa só pessoa de forma permanente continua a ser o meu desafio. Mas será um desafio que eu quero ultrapassar? Já li sobre relações abertas, poliamor, etc. Mas convinhamos, nada disso seria aceite na bolha em que vivemos. Eu sei, há que dar início à mudança de mentalidades e alguém tem que começar e, como sempre, quem começa nunca tem a vida facilitada mas esconder é tão mais fácil que isso tudo. I mean, eu sei lá o que me reserva o futuro. Quero ter opções. Quero ter margem para errar. E ocultar é guardar essa margem. Ainda há pouco pensava sobre as redes e como é tão fácil e gratuito para toda a gente partilhar lá a vida. Eu olho para aquilo e a cada scroll percebo o porquê de não partilhar coisa alguma e de achar um erro tão grande que os outros o façam. Cada coisa que os outros sabem sobre nós é um comprometimento que assumimos, ou por outra, um pedaço de espaço que retiramos a nós próprios de ser outra coisa. Uma limitação e condicionamento que oferecemos a nós mesmos perante os outros. Let me explain, se eu disser que hoje a minha cor preferida é o amarelo e amanhã disser que é o azul, secalhar quando eu voltar a dizer qual é a minha cor preferida já ninguém acredita. Claro que podemos crescer, aprender e evoluir mas precisa mesmo de ser em frente a toda a gente? Gente que nem interessa? Será que queremos que eles vejam os nossos erros? E isto é um exemplo simples, podem ser outros... Mas bem, já estou noutros voos. O ponto é que a partilha de assuntos pessoais vai, como já todos sabemos, longe demais nas redes. Eu levo o assunto para outro extremo e prefiro o lado low profile da vida. Não há uma pessoa neste mundo que saiba, por inteiro, quem é a Inês. Não há uma que conheça sequer quantas versões existem. A Inês do trabalho, de casa, da família, a irmã mais nova, a irmã mais velha, a inês das amigas, do D., do Lid, a que escreve neste blog, a que pega na mochila e vai sozinha por aí fora, a que fica em casa sozinha. Eu conheço-as a todas. E é com alívio que sei que ninguém as conhece a todas. Ninguém vê os erros todos ou as incoerências. Porque existem. Serei uma fraude? Se me comparar com as colegas que partilham a vida nua e crua lá... Eu vivo bem com os meus erros, com as minhas insensatezes. Não sei se os outros viveriam. Por isso, poupo-os a isso e sigo tranquila. "Esconder" e "ocultar" talvez sejam ferramentas que use demasiadas vezes. Não estou certa disso. Descobrirei no futuro. Não mudaria nada portanto não vejo objetivo em libertar informação que apenas traria negatividade aos que me rodeiam. Retomando o assunto central, não sei se reúno condições para acreditar que o coração é grande o suficiente para albergar mais do um interesse, conforme escrevi (sem grande convicção, importar referir) em outubro de 2020. Pode ser apenas sinais do tempo ou dos ciclos das relações. Talvez um dia tenha a resposta. Até lá, permanecerei na encruzilhada em que me enfiei.
PS: claramente irónico falar de redes nestes termos e manter este blog. De alguma forma, sinto-me protegida neste canto da net. Espero, honestamente, nunca deixar de me sentir assim.