Não é TPM. É TDPM.
Depois de mais um ciclo menstrual desastroso a nível de hormonas e estado depressivo (o último post retrata bem isso e o antes desse também) procurei mais informação e encontrei o nível seguinte da TPM. O Transtorno Disfórico Pré-Menstrual. Não sabia que existia mas rapidamente o entendi bem. Claro que não posso autodiagnosticar-me mas ao ler a informação disponível online, identifiquei-me com imensa coisa. E reparo que os textos deste blog também o deixam transparecer. Naqueles dias cinzentos, sinto-me a maior merda do mundo. Não sinto prazer nem felicidade ainda que possa ter os maiores motivos para estar bem. Exemplo disso foi o nascimento do Francisco. Era o que mais queria e quando aconteceu, senti zero. Pior, tive crises de choro até na porta do hospital como se em vez de um nascimento, estivesse lá por outros motivos. Para mim foi o alerta maior. Nos dias seguintes, a mudança em mim foi notória. A verdadeira Inês sentiu coisa bonitas pelo bebé, pelas fotos que recebia e partilhou-as com os colegas de trabalho com um sorriso na cara. O período foi embora (depois de oito fucking dias) e eu voltei a mim. A disposição mudou assim da noite para o dia. Voltei a estar bem só porque sim. A cantar no carro, a meter-me com os meus colegas de trabalho e a sorrir para eles. Voltei a ter gosto de falar com a minha mãe e pensar no dinheiro todo que tem voado já não me incomoda tanto. Penso no R. e já não penso da perspectiva da volatilidade da nossa relação, mas sim na sorte que é viver esta aventura com ele. E na verdade nem penso muito. Quase nada. Os pensamentos negativos não ocupam lugar quando estou bem. Voltei a sentir-me tranquila.
Agarrei no telemóvel, procurei a dermatologista mais perto com acordo com o cartão continente e finalmente fui desejosa que me solucionasse as manchas na cara. E sim, já quase não tenho manchas depois de 120€ gastos em consulta e cremes. Agora tenho cremes de marca como as mulheres adultas, portanto, continuamos a evoluir! O cabelo já me assenta melhor apesar de continuar com pêlos incómodos na cara e que ainda não consegui resolver. Porém, já só me dá para virar costas ao espelho e continuar o dia. Estou a conseguir controlar melhor o chocolate e já só tenho comido uma ou duas vezes por semana o que é bastante bom. As conversas das minhas colegas continuam chatas e irritantes mas já levo de forma mais leve e não fervo por dentro.
Voltei a instalar o Tinder porque tive uma epifania antes de adormecer um dia desta semana. Pensei que uma das coisas novas que fiz nestes últimos meses foi encontrar-me com aquele rapaz estúpido que só conhecia da net e cujo "date" foi péssimo. Mas efetivamente se há algo que posso tirar dessa situação é saber que consigo encontrar-me com pessoas da net. Ele foi o primeiro. Posso conhecer mais pessoas. E se há sítio para conhecer pessoas é no Tinder. E também quando me aventurei por lá há uns meses atrás estava a fazê-lo por todas as razões erradas. Agora sinto-me melhor e que há razões mais certas para estar lá. E apesar de ter o R. que acaba por me preencher vários espaços vazios da vida e do coração e, por isso, sentir que não preciso de conhecer ninguém, também tenho que me lembrar que eu e o R. nunca seremos mais do que isto e há que semear outras relações. Gostaria muito de conhecer pessoas na vida real e não ter que recorrer a apps mas há momentos (e sobretudo passado três anos de ter um total de zero resultados) em que fuck it, bora lá ver o que as apps nos oferecem. É tentar e ver se as coisas fluem.
E é precisamente por todas estas razões que acho que tenho mesmo o tal TDPM. A mudança de espírito e humor são radicais de um dia para o outro. E eu, que os sinto a 200%, noto essa diferença de forma clara. Agora é fazer registos, controlar datas e ir à ginecologista apresentar o problema e ver se consigo obter uma solução. Reintroduzir a pílula pode ser uma forma porque a pílula regula hormonas mas lembro-me perfeitamente que quando a tomava e me esquecia um dia, passado dois dias ficava exatamente assim totalmente depressiva. Foi exatamente por esse motivo que deixei de a tomar. Agora passado anos, volto ao mesmo problema. Claramente sou bastante sensível a mudanças hormonais (como é que eu sobreviveria a uma gravidez? - depressão era certinho, não dá para fugir dos genes) e não sei bem como é que isso se resolve. Também quero começar a fazer psicoterapia e já marquei com uma aqui da zona. Não sei bem o que preciso mas há dias em que sinto precisar mesmo de muita coisa. A minha mãe teve a primeira depressão aos 27 anos e eu tenho 26. Eu sei, estou a ligar coisas que não preciso de ligar mas são evidências que não posso ignorar. Eu não sei como começaram as más experiências da mãe e de mês para mês tenho sentido coisas negativas cada vez mais fortes. Depressão ciclíca é depressão. É ir lá à fossa e voltar. E tenho muito medo de um dia ir lá e não saber sair. E se há coisa que sei é que não quero viver daquela forma. Tenho informação, tenho dinheiro, ainda tenho saúde, vou tentar mantê-la. E chega a um ponto em que efetivamente temos que assumir que sozinhos não conseguimos tudo. E esse é o que caminho que eu estou a tentar percorrer.