Tipo Normal People
Conheço-te há oito ano. Depois de acabar o secundário e o mítico verão de 14, cada um seguiu o seu caminho e as ligações passaram a ser mais espaçadas. Um dos dias mais tristes da minha vida foi o dia em que me disseste que namoravas. Fiquei incrédula. E a pior parte é que namoravas com uma rapariga que conheceste antes de mim. Isso para mim foi o que me lixou completamente. Uma coisa é aparecer uma pessoa nova, com novas características e uma pessoa apaixonar-se. Outra muito diferente é ser uma pessoa que já estava na tua vida, que já conhecias. A meu ver, é a prova provada que eu que apareci depois, não fui capaz de te apaixonar. E logo tu que nunca foste de namorar. Bem, isso bateu-me forte na altura. Mas já passou. Estabilizaste numa relação séria antes de mim (quem diria) e até foste viver com ela. Durou anos. Talvez vá durar mais ainda. Fomos falando de tempos em tempos, quando o paraíso ficava um bocadinho mais feio. Uma noite foi mais do que falar. Erramos os dois. Mas o facto de ser um com o outro, de certa forma, ameniza todo o erro. Tudo o que te diz respeito sou capaz de colocar numa base temporal anterior ao DC. Sempre pensei que não tivemos tempo para nos aproveitarmos. Falamos tanto e fizemos tão pouco. Faltava sempre algo. Depois cada um arranjou o seu par e o que prometiam esses tempos, ficou congelado. Até esta semana em que, não pela primeira vez, me dizes que acabaste com ela e que queres conversar. Fui-te buscar e caminhamos talvez 2 horas na praia. Que local bonito que o destino escolheu para o nosso reencontro. It's funny porque, no que toca a boys business, eu sinto-me muito bem resolvida. Faço bastante merda é verdade mas sinto-me confortável com as minhas decisões. Mais importante do que tudo, não me arrependo. Estou bem com o DC e tu metes conversa? Claro que sim. Falamos sobre tudo. Costumava dizer que eu te conhecia como ninguém, comigo não precisavas de fingir, podias ser cruamente honesto que por mim estava ok. Eu conhecia-te, aceitava, tinha e tenho um carinho especial por ti. Foste a minha crush, o meu primeiro amor. Costumava conhecer-te bem mas ontem comecei a pensar e não sei até que ponto é que hoje posso afirmar tal coisa. Afinal os anos mudam a pessoa, as experiências. Eu não sou a mesma Inês de há 5 anos, muito menos de há 8 anos. Julgo que já não posso dizer isso, apenas que há traços que reconheço em ti e vejo que não se alteraram. Mas não me nego a conhecer as diferenças. Nego-me a muito pouco nesta vida.
Estou resolvida o suficiente para compreender que não és tu quem eu quero para a minha vida (se é que isso pode ser resumido a uma pessoa). Estou resolvida o suficiente para me disponibilizar a aproveitar o que aparece no meu caminho, sem eu correr atrás seja do que for, guardar os bons momentos, curti-los ao máximo e viver o resto do dia e dos dias tranquila na minha própria companhia. De forma independente e autosustentável. Este foi dos maiores e mais importantes ensinamentos que adquiri o ano passado aquando o término da minha relação com o DC. Nas primeiras semanas sentia-me como se andasse no extremo de um abismo, do qual podia cair a qualquer momento. Meses foram passando e o cenário do abismo foi-se desvanecendo. O tempo mostrou-me que eu era mais forte do que o que pensava e que caminhava tranquila e autónoma em terreno sólido e estável. Passaram pessoas e continuei sem tremer. Isso é algo que espero não vir a perder. Este desapego.
Chamaste-me e fui. Como sempre iria. Difícil negar-te algo. A química mantém-se. Deixei claros os meus pensamentos e abri as portas para os teus lábios. Finos. Já não me lembrava de como eram finos. Sei que há o risco de em algum tempo voltares a enviar mensagem a informar que voltaste com a tua ex-namorada. Se assim for, tudo bem na mesma. Se assim não for, melhor ainda. Porque há uma frase que não me sai de cabeça e que diz que estarmos juntos é algo que devemos ao universo.